O Financiamento da Usina Nuclear Angra 3: Soluções Criativas para Concluir o Projeto

O Financiamento da Usina Nuclear Angra 3: Soluções Criativas para Concluir o Projeto

O projeto da usina nuclear Angra 3 no Brasil tem sido um desafio constante desde a sua concepção na década de 1980. Após diversas interrupções e reinícios, o projeto agora enfrenta um novo obstáculo: a necessidade de cerca de R$ 25 bilhões para a sua conclusão. No entanto, as autoridades responsáveis estão trabalhando em soluções criativas para viabilizar o financiamento dessa importante obra de infraestrutura energética.

Diversificando as Fontes de Financiamento

De acordo com o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, a ideia é criar um "pool" de agentes financeiros para viabilizar o projeto de Angra 3. Além dos atuais credores, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Caixa Econômica Federal, novas alternativas de captação estão sendo estudadas, como a emissão de debêntures incentivadas.

Outra possibilidade é a participação de uma agência de fomento internacional, como o BPI (Banco Público de Investimento) da França, que já demonstrou interesse em fazer parte do "funding" de Angra 3. Essa diversificação das fontes de financiamento pode ajudar a diluir os riscos e a encontrar melhores condições de juros e prazos para a conclusão da obra.

Otimizando Custos e Gerenciando Riscos

O aumento dos preços de alguns insumos, como equipamentos dolarizados e o urânio, elevou o custo estimado para a conclusão de Angra 3. No entanto, a Eletronuclear está trabalhando em soluções para mitigar esses impactos.

Uma delas é o aproveitamento de equipamentos e combustíveis já adquiridos para a usina Angra 2, que podem ser utilizados em Angra 3, gerando uma economia de aproximadamente R$ 1,4 bilhão. Além disso, a aprovação de projetos com incentivos tributários para o setor nuclear também pode ajudar a melhorar a tarifa final da energia gerada por Angra 3.

O Papel do Governo e da Eletrobras

O financiamento de Angra 3 também envolve a participação do governo federal, por meio da ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional), que controla as usinas nucleares e a Itaipu Binacional.

Segundo as fontes ouvidas pela Reuters, uma parte dos recursos necessários deve ser captada com risco do Tesouro Nacional, via ENBPar, enquanto o restante poderá ser obtido por meio da Eletrobras, que deixou de controlar as usinas nucleares no processo de privatização, mas ainda mantém compromissos relacionados a elas.

A Eletrobras está negociando com o governo federal sua saída desses ativos no âmbito da conciliação sobre o poder de voto do governo na empresa. Essa articulação entre os diferentes agentes públicos e privados é fundamental para viabilizar o financiamento de Angra 3.

Desafios e Oportunidades

A conclusão da usina nuclear Angra 3 é um projeto de grande importância estratégica para o Brasil, pois irá contribuir para a diversificação da matriz energética nacional e para a segurança do abastecimento de energia elétrica. No entanto, os desafios financeiros e operacionais são significativos.

Apesar disso, as soluções criativas propostas pelas autoridades responsáveis, como a diversificação das fontes de financiamento, a otimização de custos e o gerenciamento de riscos, demonstram o compromisso em superar os obstáculos e concluir essa obra tão importante para o futuro energético do país.

A retomada das obras de Angra 3, prevista para ser discutida pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em setembro, é um passo crucial nessa direção. Com a determinação e a capacidade técnica da Eletronuclear e de seus parceiros, é possível que o sonho de concluir a terceira usina nuclear brasileira se torne realidade em breve.

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