O Brasil está enfrentando uma crise ambiental sem precedentes, com a pior seca em 44 anos e um número recorde de focos de incêndio na Amazônia. De acordo com os dados do sistema BDQueimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), no sábado (14.set.2024), o país registrava 2.431 focos de incêndio, sendo que a Amazônia concentrava a maior parcela, com 1.808 focos, ou 74,4% do total.
O estado do Pará liderava o ranking, com 1.025 focos registrados em 24 horas, seguido por Mato Grosso (745) e Amazonas (265). Dos 6 biomas do Brasil, 5 registraram a incidência de fogo, sendo que o Cerrado teve o segundo maior número, com 547 focos, representando 22,5% do total.
Essa situação alarmante se insere em um contexto ainda mais preocupante. O Brasil encerrou o mês de agosto de 2024 com o pior número de queimadas em 14 anos, com 68.635 ocorrências, um aumento de 144% em relação ao mesmo período de 2023. E setembro já acumula 55.517 focos de incêndio, totalizando 182.568 ocorrências do tipo em 2024.
Causas da seca e das queimadas
Além da alta dos focos de incêndio, o país vive uma seca histórica, com a pior estiagem em 44 anos, segundo o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), ligado ao MCTI (Ministério de Ciência e Tecnologia).
Dois fatores principais têm contribuído para esse cenário:
Ondas de calor e antecipação da seca
A temporada de seca e estiagem, que normalmente tem início em junho e se estende até o final de setembro, tem se intensificado de maneira atípica neste ano. Isso se deve a dois fatores:
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Fortes ondas de calor: Desde o início da temporada, o Cemaden registrou 6 ondas de calor, enquanto as ondas de frio foram apenas 4.
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Antecipação da seca: Em algumas regiões do Brasil, o período de seca começou antes do inverno. Na Amazônia, por exemplo, a estiagem se intensificou quase 1 mês antes do previsto, já no início de junho.
Impactos na Amazônia
Na região da Amazônia, a seca toma formas ainda mais preocupantes. Os municípios amazônicos enfrentam cerca de 1 ano de estiagem, a mais longa já registrada. Três principais causas contribuem para essa situação:
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Intensidade do El Niño: O regime de chuvas foi impactado pelo fenômeno que aquece as águas do Oceano Pacífico, que teve o pico no início deste ano e influenciou o começo da seca.
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Aquecimento anormal das águas do Atlântico Tropical Norte: A temperatura na região marítima, que fica acima da América do Sul, chegou a aumentar de 1,2 °C a 1,4 °C em 2023 e 2024.
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Temperaturas globais recordes: Em julho, o mundo bateu o recorde de maior temperatura já registrada na história, criando condições para ondas de calor mais fortes.
Esse cenário de seca e queimadas sem precedentes representa um desafio urgente para o Brasil. É necessário que o governo, a sociedade civil e a comunidade científica se unam em ações coordenadas para mitigar os impactos dessa crise ambiental e garantir a preservação da Amazônia e dos demais biomas brasileiros.