A multinacional de mineração sediada na Austrália, Rio Tinto, está pronta para adicionar um negócio de mineração de lítio de classe mundial ao seu portfólio. Há alguns dias, a empresa anunciou um acordo definitivo que veria a empresa adquirir a Arcadium Lithium PLC em uma transação totalmente em dinheiro. O custo relatado é de US$ 5,85 por ação, o que colocaria o negócio na região de cerca de US$ 6,7 bilhões.
De acordo com um comunicado à imprensa, o acordo representa um prêmio de 90% sobre o preço de fechamento de 4 de outubro da Arcadium de US$ 3,08 por ação. O valor é um prêmio de 39% sobre o preço médio ponderado por volume (VWAP) da Arcadium desde o início da empresa em 4 de janeiro de 2024.
Por que agora? Por que Arcadium?
A Arcadium é uma empresa global em rápida expansão que produz produtos químicos de lítio com foco em operações eficientes e de baixo custo e recursos duradouros. A empresa é líder em mineração e fabricação de lítio, utilizando métodos como mineração de rocha dura, recuperação de salmoura e extração direta de lítio. Atualmente, a Arcadium produz 75.000 toneladas de carbonato de lítio equivalente por ano, o que inclui produtos como hidróxido de lítio. No entanto, a empresa tem planos de mais que dobrar sua capacidade de produção até o final de 2028. A Arcadium relata ter cerca de 2.400 funcionários operando em vários países, incluindo Argentina, Austrália, Canadá, China, Japão, Reino Unido e Estados Unidos.
Com a demanda global por baterias de carro em alta histórica, alguns analistas veem a aquisição como uma situação ganha-ganha para a Rio Tinto. Eles dizem que a mudança é parte de uma tendência crescente de fusões de empresas de mineração este ano, já que a indústria busca fortalecer sua posição em meio à transição energética acelerada. O lítio desempenha um papel fundamental nessa mudança, pois continua sendo amplamente usado em veículos elétricos, laptops, smartphones, câmeras digitais e como refrigerante.
Rio Tinto ganhará alavancagem em mais do que apenas mineração de lítio
Parece que a Rio Tinto fez uma aposta de longo prazo no mercado de lítio, apesar das quedas de preço atuais causadas pelo excesso de oferta chinês e uma desaceleração nas vendas de veículos elétricos. Um relatório recente no The Guardian apontou que os fabricantes globais de automóveis estavam reclamando da demanda estagnada por EVs há meses.
Há poucos dias, a Toyota revelou que adiaria o início da produção de veículos elétricos nos EUA até 2026, reformulando seu cronograma anterior de início até o final de 2025. O relatório acrescentou que a Ford e a Volvo também estavam pensando em adiar sua transição para veículos elétricos. No entanto, a crise tornou as empresas de mineração de lítio alvos de aquisição atraentes. Parte do que torna a aquisição da Rio tão atraente é que ela não só fornece acesso a minas de lítio, instalações de processamento e depósitos na Argentina, Austrália, Canadá e EUA, mas também vem com uma lista de clientes que inclui as montadoras Tesla, BMW e General Motors.
Na declaração de intenção de aquisição, o CEO da Rio Tinto, Jakob Stausholm, explicou que adquirir a Arcadium Lithium foi um "passo significativo" à frente na estratégia de longo prazo de sua empresa. Stausholm vê o objetivo final da Rio como ter um negócio líder de lítio operando junto com suas operações globais de alumínio e cobre para fornecer materiais necessários para a transição energética.
Enfrentando o quase monopólio da China
A aquisição da Rio Tinto ocorre durante uma queda nos preços do lítio, impulsionada principalmente por um excesso de oferta da China. Com o controle de cerca de dois terços do fornecimento global de lítio, a China tem inundado o mercado, levando a uma queda significativa nos preços.
Autoridades dos EUA acusaram Pequim de usar estratégias de preços predatórios para minar concorrentes e forçar produtores rivais de lítio a sair do mercado. Embora o preço do lítio tenha triplicado entre 2021 e 2022, ele despencou desde então, caindo mais de 80% no ano passado.
Rio apoia startups em meio à busca por mineração mais limpa
Em toda essa reportagem sobre a aquisição da Rio, não vamos esquecer outro desenvolvimento envolvendo o conglomerado de mineração. A Rio Tinto assinou recentemente um acordo de parceria com o fundo de capital de risco britânico Founders Factory para iniciar um programa Mining Tech Accelerator focado em promover técnicas de mineração mais limpas e eficientes. Mais especificamente, a Rio garantiu 14,4 milhões de dólares australianos para a aceleradora para dar suporte a startups em estágio pré-semente e semente.
