A Serra do Curral, um dos principais cartões postais de Belo Horizonte, acaba de receber uma notícia animadora. Após anos de disputas judiciais e pressão da sociedade civil, a Mina Granja Corumi, localizada nessa região, finalmente encerrou suas atividades. Esse desfecho representa uma vitória significativa para a preservação ambiental e a proteção de um dos patrimônios naturais mais importantes da capital mineira.
O Longo Histórico da Mina Granja Corumi
A Mina Granja Corumi existe desde a década de 1950, quando a extração de minério na região ainda não era vista como um problema. No entanto, com o tombamento da Serra do Curral como patrimônio de Belo Horizonte em 1990, as atividades da mina foram gradualmente reduzidas.
Em 2007, a empresa responsável pela mina, a Empabra, firmou um compromisso com o Ministério Público de Minas Gerais para elaborar um plano de recuperação da área degradada. Naquela época, denúncias indicavam riscos à integridade do Parque Estadual da Baleia, localizado nas proximidades.
Apesar desse acordo, o cumprimento parcial das medidas de recuperação levou ao embargo temporário das atividades da mineradora pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em 2018.
A Pressão da Sociedade Civil e do Poder Público
A situação da Mina Granja Corumi ganhou ainda mais atenção em 2019, quando uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pela Câmara de Vereadores de Belo Horizonte chegou a sugerir a suspensão definitiva da extração de minério no local.
O relatório final da CPI, com 324 páginas, recomendou ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que solicitasse o bloqueio judicial dos bens da Empabra até que as questões trabalhistas fossem resolvidas e a área degradada fosse recuperada.
Essa pressão, somada à mobilização de moradores das comunidades vizinhas e de ativistas de organizações como o Fórum Pemanente São Francisco e o Projeto Manuelzão, forçou os órgãos públicos a agirem de forma mais enérgica.
O Desfecho: O Fim da Mina Granja Corumi
Finalmente, em maio deste ano, a prefeitura de Belo Horizonte realizou uma vistoria na mina, que levou à interdição total das atividades da Empabra. A empresa foi autuada por crime ambiental e multada em R$ 64,9 mil.
Essa ação da prefeitura, juntamente com a decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) de determinar a suspensão imediata de todas as atividades da Empabra na Mina Granja Corumi, incluindo a retirada do minério estocado, selou o fim das operações no local.
Um Novo Capítulo: A Transformação da Área
Segundo a Empabra, um Plano de Fechamento da Mina já havia sido apresentado pela mineradora em abril deste ano, com o objetivo de transformar a área em um espaço público integrado ao Parque das Mangabeiras e ao Parque Estadual da Baleia.
Esse plano prevê a criação de um corredor ecológico, a ampliação da zona de amortecimento, a reintegração ecológica e a preservação da biodiversidade da região. Dessa forma, a área da antiga mina poderá ser recuperada e incorporada aos parques, beneficiando a população de Belo Horizonte e contribuindo para a conservação do meio ambiente.
Conclusão: Uma Vitória para a Preservação Ambiental
O encerramento das atividades da Mina Granja Corumi representa uma vitória significativa para a preservação da Serra do Curral e dos ecossistemas adjacentes. Essa conquista é fruto de anos de luta da sociedade civil, do Ministério Público e do poder público, que se uniram para defender um dos patrimônios naturais mais importantes de Belo Horizonte.
Agora, com a transformação da área da antiga mina em um espaço público integrado aos parques, a região poderá ser recuperada e desfrutada pela população, fortalecendo a conexão entre a cidade e a natureza. Esse é um passo importante para a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável da capital mineira.