O Exército dos Estados Unidos está usando anúncios em um lugar improvável para alertar os libaneses sobre possíveis ataques: o aplicativo de namoro Tinder. Esses anúncios, escritos em árabe, advertem os moradores do Líbano a "não pegarem em armas" e a não atacarem os EUA ou seus aliados, em meio às crescentes tensões no Oriente Médio.
Operações Psicológicas Militares no Tinder
Os anúncios, que exibem o logotipo do Comando Central dos EUA, direcionam os usuários para um tuíte sobre caças F-16 e A10. Essa estratégia faz parte das chamadas operações psicológicas militares (ou psyops), que visam influenciar as opiniões de um público-alvo ou população.
Embora o uso de psyops não seja novidade, sua colocação em um aplicativo de namoro como o Tinder está levantando sobrancelhas na comunidade militar. O Pentágono ordenou uma revisão de suas psyops em 2022, após alguns incidentes que incluíam a criação de contas falsas em sites de mídia social, violando as regras das plataformas.
Proteção aos Parceiros dos EUA
Os anúncios afirmam que os EUA "protegerão seus parceiros diante das ameaças do regime iraniano e seus representantes", que operam na região, referindo-se a grupos como o Hezbollah, localizados no Líbano.
Essa mensagem reflete a preocupação dos EUA com a influência do Irã no Líbano e a necessidade de proteger seus aliados na região, como o Líbano, em meio às crescentes tensões entre Washington e Teerã.
Impacto Potencial dos Anúncios
Ao utilizar o Tinder, um aplicativo popular entre os jovens libaneses, o Exército dos EUA espera alcançar um público-alvo específico e influenciar suas percepções sobre a presença americana no Oriente Médio.
No entanto, a eficácia dessa estratégia ainda é questionável. Alguns especialistas argumentam que os anúncios podem ser vistos como uma intromissão indesejada e até mesmo provocar uma reação negativa entre os usuários do aplicativo.
Desafios Éticos e Legais
Além disso, o uso de psyops em plataformas de mídia social levanta preocupações éticas e legais. Há questionamentos sobre a transparência dessas operações e se elas estão de acordo com as políticas das empresas de tecnologia e com as leis internacionais.
O Pentágono afirma que está revisando suas práticas de psyops para garantir que elas sejam conduzidas de maneira ética e legal. No entanto, o uso de aplicativos de namoro para veicular mensagens militares continua sendo um terreno inexplorado e controverso.
Conclusão
A decisão do Exército dos EUA de usar o Tinder para alertar os libaneses sobre possíveis ataques reflete a evolução das estratégias de comunicação militar no mundo digital. Embora essa abordagem possa ser eficaz em alcançar um público-alvo específico, ela também levanta preocupações éticas e legais que precisam ser cuidadosamente avaliadas.
À medida que as tensões no Oriente Médio continuam a se intensificar, é provável que veremos mais iniciativas desse tipo por parte dos EUA e de outros atores regionais. No entanto, é crucial que essas operações sejam conduzidas de maneira transparente e respeitando os direitos e a privacidade dos cidadãos.
