O Azerbaijão está prestes a se tornar o centro das atenções do mundo da tecnologia climática na próxima semana, não apenas por sediar a COP29, a gigantesca conferência anual das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, mas também por estar promovendo um ambicioso plano multinacional para gerar eletricidade renovável na região do Cáucaso e enviá-la milhares de quilômetros a oeste, sob o Mar Negro, até a Europa faminta por energia.
O Plano do Corredor de Energia Verde
A conexão transcontinental começaria com energia eólica, solar e hidrelétrica geradas no Azerbaijão e na Geórgia, além de energia eólica offshore gerada no Mar Cáspio. Linhas de longa distância levariam até 1,5 gigawatts de eletricidade limpa para Anaklia, Geórgia, no extremo leste do Mar Negro. Um cabo submarino então moveria essa eletricidade através do Mar Negro e a entregaria a Constanta, Romênia, onde poderia ser distribuída mais para a Europa.
Os proponentes do esquema afirmam que este corredor energético Cáspio-Mar Negro ajudará a diminuir as emissões globais de carbono, fornecerá energia confiável para a Europa, modernizará as economias em desenvolvimento na periferia da Europa e estabilizará uma região abalada pela guerra. Os organizadores esperam construir o cabo submarino nos próximos seis anos a um custo estimado de € 3,5 bilhões (US$ 3,8 bilhões).
Desafios Técnicos e Políticos
Para conseguir isso, os governos dos países envolvidos devem contornar rapidamente uma série de obstáculos técnicos, financeiros e políticos. A construção de um cabo submarino de corrente contínua de alta tensão (HVDC) de quase 1.200 quilômetros de extensão, a maioria dos quais em profundidades superiores a 2 km, é uma tarefa formidável. Além disso, desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, a região do Mar Negro está repleta de minas flutuantes, adicionando mais um desafio de segurança.
Outro obstáculo é a necessidade de gerar muito mais eletricidade verde na região do Cáucaso para preencher esse cabo. Enquanto a Geórgia planeja se apoiar principalmente na energia hidrelétrica, o Azerbaijão pretende investir pesadamente em parques eólicos e solares, com a ajuda de empresas como a Masdar e a ACWA Power.
Apoio Político e Financeiro
Apesar desses desafios, sinais de apoio político surgiram. Em setembro, Azerbaijão, Geórgia, Romênia e Hungria criaram uma joint venture sediada na Romênia para pastorear o projeto. Esses quatro países também assinaram um memorando de entendimento com a União Europeia para desenvolver o corredor de energia.
Os países envolvidos estão em processo de solicitação para que o cabo seja selecionado como um "projeto de interesse mútuo" da UE, tornando-o uma prioridade de infraestrutura para conectar a união com seus vizinhos. Se selecionado, o projeto pode se qualificar para financiamento de subsídio de 50% da UE, o que melhoraria drasticamente sua condição financeira.
O Papel da COP29
A COP29 da próxima semana, realizada em Baku, Azerbaijão, pode ajudar a levar o plano adiante. Em preparação para a conferência, os defensores do corredor de energia têm levado jornalistas internacionais em passeios pela infraestrutura energética do país, buscando aumentar a visibilidade do projeto.
No entanto, pairando sobre o projeto estão os problemas de segurança que ameaçam frustrá-lo. As rotas de navegação no Mar Negro se tornaram menos confiáveis e seguras desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, e as tensões entre a Armênia e o Azerbaijão permanecem após a recente guerra e violência étnica.
Apesar desses desafios, o corredor de energia verde do Cáucaso representa uma oportunidade única de conectar o Azerbaijão e a Europa por meio de uma infraestrutura de energia renovável de larga escala. Se bem-sucedido, o projeto pode não apenas impulsionar a transição energética da Europa, mas também promover a estabilidade regional e a cooperação entre os países da região.