O JPMorgan iniciou recentemente a cobertura do Grupo Mateus (GMAT3), um dos principais varejistas de alimentos do Brasil. O banco americano emitiu uma recomendação neutra para a ação, com um preço-alvo de R$ 9 para dezembro de 2025, o que representa um potencial de alta de 18% em relação ao preço de fechamento da última quinta-feira (12) de R$ 7,66.
Perfil do Grupo Mateus
O Grupo Mateus é o terceiro maior varejista de alimentos do Brasil e líder regional no Norte, com exposição crescente ao Nordeste. Esses mercados apresentam menor intensidade competitiva do que os principais do Sudeste, o que é visto como um ponto positivo pelos analistas do JPMorgan.
Apoiado por um balanço não alavancado e profundo conhecimento regional, o grupo vem abrindo novas rotas de distribuição e é uma das varejistas de mais rápido crescimento do país, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de área de vendas de 21% entre 2019 e 2024.
Potencial de Expansão
Olhando para cidades com mais de 100 mil habitantes nas regiões Norte e Nordeste, o JPMorgan vislumbra potencial para mais 140 novas cidades para abrir lojas e mais 180 novas localidades de cash&carry. Esse ritmo acelerado de crescimento deve permanecer em vigor, com a empresa aproveitando a vantagem de primeiro mover em muitos mercados regionais.
Nesse sentido, o JPMorgan espera que o Grupo Mateus expanda sua presença a uma CAGR de 5 anos de 13%, o que, somado a um SSS (vendas mesmas lojas) ligeiramente acima da inflação, deve apoiar uma CAGR de lucros operacionais de 15%.
Desafios e Riscos
Apesar do potencial de crescimento, o JPMorgan destaca que o capital de giro do Grupo Mateus é muito mais pesado que o dos pares, e a alta para o caso vem de melhorias materiais no ciclo de caixa que podem levar muito tempo para se materializar.
Além disso, os analistas destacam que a alta relevância dos incentivos fiscais para os lucros (75% das projeções de lucro por ação) e o recente aviso da Receita Federal devem limitar grandes gatilhos positivos para a ação.
Alavanca de Valor
O banco cita que a redução do capital de giro é a alavanca de valor mais relevante, tendo em vista que as ineficiências crescem rapidamente em uma expansão varejista rápida com alto foco na loja e no nível de serviço (baixos estoques).
O Grupo Mateus possui a estrutura de capital de giro mais pesada entre todos os varejistas de alimentos listados na América Latina. Sem melhorias nisso, a expansão marginal dilui o valor para os acionistas. Houve uma melhoria de 20 dias no ciclo de caixa nos últimos 3 anos, de 103 dias, e o banco espera ver outra melhoria de 40 dias nos próximos 6 anos para 40 dias.
Conclusão
Apesar do potencial de crescimento do Grupo Mateus, a relação risco-recompensa está equilibrada, segundo o JPMorgan. A recomendação neutra e o preço-alvo de R$ 9 para dezembro de 2025 refletem os desafios e riscos envolvidos, bem como a necessidade de melhorias no capital de giro da empresa para que a expansão gere valor para os acionistas.
