O Brasil registrou um déficit em transações correntes de US$ 5,2 bilhões em julho de 2024, um aumento significativo em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando o déficit foi de US$ 3,6 bilhões. Esse é o maior déficit registrado nos primeiros seis meses do ano, de acordo com os dados divulgados pelo Banco Central.
A piora no saldo em transações correntes se deve, principalmente, ao aumento do déficit em serviços e à redução do superávit comercial. O déficit em serviços aumentou US$ 1,6 bilhão, enquanto o saldo comercial recuou US$ 516 milhões na comparação interanual.
O Déficit em Transações Correntes
As transações correntes do balanço de pagamentos englobam as trocas de bens e serviços entre o Brasil e o resto do mundo, além de rendas e transferências unilaterais. Quando o país registra um déficit nessa conta, significa que as saídas de divisas (importações, remessas de lucros e juros, etc.) superam as entradas (exportações, serviços prestados ao exterior, etc.).
O déficit em transações correntes nos 12 meses encerrados em julho de 2024 somou US$ 34,8 bilhões, o que representa 1,56% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse valor é superior aos US$ 33,2 bilhões (1,48% do PIB) registrados no mês anterior e aos US$ 37,7 bilhões (1,82% do PIB) observados em julho de 2023.
A Balança Comercial
A balança comercial de bens, que registra as exportações e importações de mercadorias, apresentou um superávit de US$ 7,1 bilhões em julho de 2024. Esse valor, no entanto, é inferior aos US$ 7,6 bilhões registrados no mesmo mês do ano anterior.
As exportações de bens somaram US$ 31,2 bilhões, um aumento de 9,3% na comparação interanual. Por outro lado, as importações de bens aumentaram 15,2%, totalizando US$ 24,1 bilhões.
Essa piora no saldo comercial reflete, em parte, a desaceleração da atividade econômica global, que afeta a demanda por produtos brasileiros no exterior. Além disso, a valorização do dólar frente ao real torna as importações mais caras, pressionando o déficit em transações correntes.
As Reservas Internacionais
Apesar do aumento do déficit em transações correntes, as reservas internacionais do Brasil somaram US$ 363,3 bilhões em julho de 2024, um incremento de US$ 5,5 bilhões em relação ao mês anterior.
Esse aumento nas reservas decorreu, principalmente, de contribuições positivas de variações por preços (US$ 3 bilhões) e por paridades (US$ 1,4 bilhão). As receitas de juros sobre as reservas também somaram US$ 745 milhões no mês.
As reservas internacionais são um importante colchão de liquidez para o país, ajudando a mitigar os efeitos de eventuais choques externos e garantindo a estabilidade cambial.
Implicações para a Política Monetária
Os números divulgados pelo Banco Central são fundamentais para a tomada de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,5% ao ano.
O aumento do déficit em transações correntes e a desaceleração da atividade econômica global podem pressionar o Copom a manter uma postura mais cautelosa na condução da política monetária. Isso porque o cenário externo desfavorável pode impactar negativamente a inflação e o crescimento econômico do país.
Portanto, o monitoramento atento das contas externas brasileiras é fundamental para que o Banco Central possa adotar as medidas necessárias para garantir a estabilidade macroeconômica do país.