Nada justifica o castigo coletivo da população palestina em Gaza, diz Guterres

Nada justifica o castigo coletivo da população palestina em Gaza, diz Guterres

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, denunciou nesta segunda-feira o "sofrimento inimaginável" da população palestina em Gaza, afirmando que "nada justifica o castigo coletivo" imposto por Israel. Em entrevista à AFP, Guterres exigiu "responsabilização" pelas "graves violações" cometidas tanto por Israel quanto pelo Hamas durante o conflito.

O conflito em Gaza

A guerra em Gaza começou em 7 de outubro com ataques do grupo terrorista Hamas no sul de Israel, que causaram a morte de 1.205 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses. Os terroristas sequestraram 251 pessoas naquele dia, das quais 97 ainda estão retidas em Gaza, e 33 foram declaradas mortas pelo Exército israelense.

Em retaliação, Israel lançou uma campanha militar na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007, que já deixou pelo menos 41.226 mortos, de acordo com os números mais recentes do Ministério da Saúde local. Mais de 200 trabalhadores humanitários, a maioria da ONU, também morreram.

O apelo de Guterres

Diante desse cenário, o chefe da ONU mantém seu apelo por um cessar-fogo imediato, mas as negociações mediadas pelos Estados Unidos, Catar e Egito estão em um impasse, enquanto Israel e o Hamas se acusam mutuamente de não quererem um acordo.

"É inimaginável o nível de sofrimento em Gaza, o nível de mortes e destruição não tem paralelo com o que eu testemunhei desde que me tornei secretário-geral [no início de 2017]", declarou Guterres na sede da ONU, em Nova York.

"Evidentemente, condenamos todos os ataques terroristas do Hamas, assim como a tomada de reféns, que é uma absoluta violação do direito humanitário internacional. Mas a verdade é que nada justifica o castigo coletivo do povo palestino, e é o que estamos vendo de forma dramática em Gaza".

Responsabilização e soluções

Guterres considera que "a responsabilização é indispensável" pelas "graves violações" cometidas durante o conflito, tanto por Israel quanto pelo Hamas.

No entanto, o secretário-geral não conta com a participação do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na semana de alto nível da Assembleia Geral da ONU, onde normalmente recebe cada chefe de Estado e de governo. "Se entendi bem, ele [Netanyahu] disse publicamente que não tem intenção de solicitar uma reunião comigo. Portanto, claro, o encontro provavelmente não acontecerá", comentou Guterres.

O chefe da ONU também qualificou como "improvável" que sua proposta de uma missão de "supervisão" da ONU de um eventual cessar-fogo seja aceita pelas partes. As missões da ONU precisam, em particular, do consentimento dos países que as recebem.

Guterres culpou os Estados membros e, em particular, o Conselho de Segurança e seus 15 membros "pelas decisões tomadas" ou não tomadas, afirmando que o Conselho e as instituições financeiras internacionais são "obsoletos, disfuncionais e injustos".

"Temos tentado resolver as guerras, o problema é que nós não temos o poder, às vezes nem os recursos, para fazê-lo", concluiu o secretário-geral.

A situação no Haiti

Além da crise em Gaza, Guterres também comentou sobre a situação no Haiti na entrevista. Há quase um ano, o Conselho de Segurança concedeu um mandato a uma missão multinacional liderada pelo Quênia, e não pela ONU, para ajudar a polícia sobrecarregada pelas gangues no Haiti, um país criticado por operações anteriores da ONU.

Embora apenas algumas centenas de policiais tenham sido destacados e a iniciativa esteja fortemente desprovida de financiamento, os Estados Unidos pedem uma transformação da missão da ONU. Guterres afirmou que as Nações Unidas farão o que o Conselho e Porto Príncipe pedirem, mas considerou "estranho que seja tão difícil financiar uma operação policial relativamente pequena".

"É absolutamente inaceitável", acrescentou o secretário-geral, reiterando sua crítica à obsolescência e disfuncionalidade do Conselho de Segurança e das instituições financeiras internacionais.

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