Expedições de pesquisa conduzidas no mar usando uma máquina de gravidade rotativa e um microscópio descobriram que os oceanos da Terra podem não estar absorvendo tanto carbono quanto os pesquisadores pensavam há muito tempo.
Acredita-se que os oceanos absorvam cerca de 26 por cento das emissões globais de dióxido de carbono, retirando CO2 da atmosfera e prendendo-o. No entanto, o novo estudo, publicado na revista Science, revelou que as partículas que afundam não caem no fundo do oceano tão rapidamente quanto os pesquisadores pensavam.
A Descoberta da Cauda de Neve Marinha
Usando uma máquina de gravidade personalizada que simulava o ambiente nativo da neve marinha, os autores do estudo observaram que as partículas produzem caudas de muco que agem como paraquedas, freando sua descida — às vezes até mesmo parando-as. Esse arrasto físico deixa o carbono remanescente na hidrosfera superior, em vez de ser sequestrado com segurança em águas mais profundas.
Os organismos vivos podem então consumir as partículas de neve marinha e respirar seu carbono de volta para o mar, impedindo a taxa na qual o oceano se abaixa e sequestra CO2 adicional do ar.
Implicações Sombrias
As implicações dessa descoberta são sombrias: as melhores estimativas dos cientistas sobre quanto CO2 os oceanos da Terra sequestram podem estar muito erradas. "Estamos falando de aproximadamente centenas de gigatoneladas de discrepância se você não incluir essas caudas de neve marinha", diz Manu Prakash, um bioengenheiro da Universidade de Stanford e um dos autores do artigo.
Impacto nos Modelos Climáticos e Geoengenharia
Os pesquisadores acreditam que essa descoberta terá um impacto significativo nos modelos numéricos usados para estimar o sequestro de carbono marinho. Esses modelos precisarão ser ajustados para a velocidade de afundamento mais lenta da neve marinha. Além disso, as implicações também se estendem para startups no campo incipiente da geoengenharia de carbono marinho, que dependem desses modelos para provar a eficácia de suas técnicas.
A Engenhosa Máquina de Gravidade
A equipe de pesquisadores desenvolveu uma engenhosa máquina de gravidade que simula o ambiente nativo da neve marinha. Essa máquina, montada em um gimbal de dois eixos para acomodar a inclinação e o rolamento do navio, permitiu que eles observassem de perto a formação das caudas de muco e seu impacto na velocidade de afundamento das partículas.
Outros Descobertas Importantes
Além da física de sedimentação da neve marinha, a equipe também estuda outros plânctons que podem afetar o clima e os modelos do ciclo do carbono. Em uma expedição recente na costa do norte da Califórnia, o grupo descobriu uma célula com lastro de sílica que faz a neve marinha afundar como uma pedra.
A engenhosa máquina de gravidade é apenas uma das muitas invenções econômicas de Manu Prakash, que incluem um microscópio de papel inspirado em origami, ou "foldscope", que pode ser acoplado a um smartphone, e uma centrífuga biomédica de papel e barbante chamada "paperfuge".
Essa descoberta sobre a cauda de neve marinha e seu impacto no sequestro de carbono pelos oceanos é um importante avanço na compreensão do ciclo do carbono global. À medida que os pesquisadores refinam seus modelos e técnicas, esperamos que possam fornecer informações valiosas para enfrentar os desafios das mudanças climáticas.
Conclusão
As expedições de pesquisa no mar revelaram uma surpreendente descoberta sobre a capacidade dos oceanos de absorver o carbono. A formação de caudas de muco na neve marinha desacelera sua descida, impedindo que o carbono seja sequestrado com segurança nas profundezas. Essa descoberta terá implicações significativas para os modelos climáticos e a geoengenharia de carbono marinho, exigindo ajustes e uma melhor compreensão desse processo fundamental. À medida que a pesquisa continua, esperamos obter insights valiosos para enfrentar os desafios das mudanças climáticas.