Com preços de alimentos ainda altos nos Estados Unidos, a elevação do preço da carne moída por lá pode ter menos a ver com inflação e mais com conspiração entre empresas. Pelo menos, essa é a tese do McDonald's ao processar as quatro maiores empresas de processamento de carne do país, de acordo com artigo do Financial Times.
A rede de fast food argumenta que o preço médio de um Big Mac, seu principal lanche, aumentou 21% desde 2019 e que grande parte da inflação em preços dos alimentos durante a pandemia teria vindo de preços mais altos de carne. Nos EUA, as quatro principais companhias do setor, Cargill, JBS (JBSS3), National Beef (empresa tem a Marfrig (MRFG3) como principal acionista) e Tyson Food controlam até 85% do gado pronto para o mercado.
A alegação de conluio
O McDonald's aponta que, além de dominar praticamente todo o segmento de carne bovina, as companhias estariam trabalhando juntas para manter baixos os preços de insumos e a oferta total com objetivo de aumentar lucros. A ação não é a primeira enfrentada pelas quatro companhias, uma vez que dezenas de outras redes de alimentos, supermercados e demais players do setor alimentício também moveram processos similares.
Ainda que os frigoríficos não admitam nenhuma irregularidade, aponta o Financial Times, a própria JBS teria realizado alguns acordos com demandantes. Procurada, a JBS não respondeu ao pedido de comentário até o fechamento da matéria.
Outra perspectiva para carne nos EUA
O preço da carne tem sido uma questão na administração Biden, que também tem se preocupado com outras indústrias pelo mesmo motivo: compartilhamento de dados. O Departamento de Justiça dos EUA está processando a Agri Stats, empresa de dados.
De acordo com a demanda, a companhia estaria suprimindo concorrência entre processadores de porco, peru e frango através da coleta e compartilhamento de informações confidenciais sobre preços, custos e produção. A empresa teria negado irregularidades e o caso deve ir a julgamento em 2025.
Conclusão
Portanto, a alegação do McDonald's de que as gigantes da carne estariam conspirando para manter os preços altos nos Estados Unidos parece ter fundamento, dada a concentração do setor e os diversos processos judiciais envolvendo as principais empresas. No entanto, é importante aguardar o desenrolar das investigações para ter uma conclusão definitiva sobre o assunto.
O que é certo é que os consumidores americanos continuam enfrentando preços elevados de carne, o que impacta diretamente o bolso e a alimentação das famílias. Cabe aos órgãos reguladores atuarem de forma rigorosa para garantir a concorrência saudável no setor e evitar abusos por parte das grandes corporações.