O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar duramente a privatização da Eletrobras, empresa estatal que ele pretendia transformar em uma "coisa tão importante quanto a Petrobrás". Em evento de lançamento da Política Nacional de Transição Energética, realizado nesta segunda-feira (26), Lula afirmou que a venda da companhia elétrica foi um "crime de lesa pátria contra o povo brasileiro".
"Eu sonhei que a Eletrobras seria uma coisa tão importante quanto a Petrobrás nesse país. É com muita tristeza que volto à Presidência e encontro a Eletrobras privatizada. Na verdade, não privatizaram, cometeram um crime de lesa pátria contra o povo brasileiro", declarou o presidente.
A medida provisória que permitiu a privatização da Eletrobras foi aprovada no Congresso Nacional e sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 2021. Agora, Lula busca reverter esse processo, reafirmando seu compromisso com a soberania nacional e o fortalecimento das empresas públicas.
O Papel Estratégico da Eletrobras
A Eletrobras é a maior empresa do setor elétrico da América Latina e uma das maiores do mundo. Ela é responsável por gerar, transmitir e distribuir energia elétrica para todo o país, desempenhando um papel fundamental para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Ao longo de sua história, a Eletrobras se consolidou como uma empresa estratégica, não apenas pelo seu tamanho e importância, mas também por sua capacidade de investimento e inovação. A companhia tem sido crucial para a expansão da matriz energética brasileira, com investimentos em fontes renováveis como hidrelétricas, eólicas e solares.
Além disso, a Eletrobras tem sido um importante instrumento de políticas públicas, atuando na universalização do acesso à energia elétrica, na redução de tarifas e no fomento ao desenvolvimento regional. Sua privatização, portanto, representa uma perda significativa para o país.
A Crítica de Lula à Privatização
Para Lula, a privatização da Eletrobras não foi apenas uma medida econômica, mas um "crime de lesa pátria" contra o povo brasileiro. Ele argumenta que a empresa deveria ter sido fortalecida e transformada em uma "coisa tão importante quanto a Petrobrás", reafirmando sua visão de um Estado atuante e estratégico.
O presidente criticou ainda a lógica que justifica a privatização de empresas públicas sob a alegação de que o setor privado é mais eficiente. "O setor privado tem de ser bom, e o público também. Eu não quero um Estado máximo, nem mínimo. Eu quero um Estado que cumpra sua função", afirmou.
Lula defende que o Estado deve desempenhar um papel ativo na economia, investindo em setores estratégicos e promovendo o desenvolvimento nacional. Ele acredita que a Eletrobras, assim como outras empresas públicas, podem ser geridas de forma eficiente e contribuir para a soberania e o bem-estar do país.
A Política Nacional de Transição Energética
O evento em que Lula fez suas declarações sobre a Eletrobras marcou o lançamento da Política Nacional de Transição Energética, uma iniciativa do governo federal para promover a descarbonização da matriz energética brasileira.
A política prevê investimentos em fontes renováveis, eficiência energética e tecnologias limpas, com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e contribuir para o cumprimento das metas climáticas do Brasil.
Nesse contexto, a Eletrobras desempenha um papel crucial, uma vez que é a principal responsável pela geração e transmissão de energia elétrica no país. Sua privatização, portanto, pode comprometer os esforços de transição energética, caso a nova gestão não mantenha o mesmo compromisso com a sustentabilidade e o desenvolvimento do setor.
Conclusão
A declaração de Lula sobre a privatização da Eletrobras reflete sua visão de um Estado forte e atuante, capaz de impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país. Ele acredita que a venda da empresa foi um "crime de lesa pátria" que enfraquece a soberania nacional e compromete o futuro do setor elétrico brasileiro.
Ao mesmo tempo, o lançamento da Política Nacional de Transição Energética demonstra o compromisso do governo federal em promover a descarbonização da matriz energética, o que reforça a importância estratégica da Eletrobras. Nesse sentido, a reversão do processo de privatização pode ser um passo fundamental para garantir a continuidade desses esforços e consolidar o papel da empresa como um ator-chave na construção de um futuro sustentável para o Brasil.