Os houthis do Iêmen reivindicaram neste domingo um ataque contra Israel, horas depois que militares israelenses alegaram que um míssil caiu em uma área aberta na região central do país. A investida não deixou mortos, mas intensifica as tensões na região quase um ano após o início dos conflitos em Gaza.
Nesta madrugada, as forças israelenses afirmaram ter identificado um míssil cruzando o centro de Israel pelo leste e aterrissando em uma área aberta. Em um comunicado posterior, o exército disse que o míssil "foi disparado do Iêmen" e que "as explosões ouvidas nos últimos minutos são de interceptores (equipamentos)".
Em uma declaração em vídeo, o porta-voz dos houthis, Yahya Sree, afirmou que os rebeldes "atacaram uma posição militar do inimigo israelense na área de Jaffa" usando um "míssil balístico que conseguiu atingir seu alvo". Ele também acrescentou que "as defesas do inimigo não conseguiram interceptá-lo".
Após o ataque, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertou aos houthis sobre a possibilidade de uma retaliação. "Esta manhã, os houthis lançaram um míssil superfície superfície do Iêmen em nosso território. Eles já devem saber que cobramos um preço alto por qualquer tentativa de nos atacar", disse Netanyahu, de acordo com um comunicado de seu escritório.
Ataques houthis
Desde novembro, os houthis vêm lançando uma série de ataques com mísseis e drones contra embarcações ligadas a Israel no Golfo de Aden e no Mar Vermelho. Em julho deste ano, os rebeldes lançaram um ataque de drone contra Tel Aviv, deixando um civil morto. Em retaliação, caças israelenses bombardearam o porto de Hodeida, no Iêmen, controlado pelos houthis. O líder rebelde disse na época que uma resposta ao ataque era "inevitável".
O grupo pertence ao chamado "eixo da resistência" do Irã, que inclui grupos apoiados por Teerã no Iraque, na Síria e no Líbano. Essa aliança tem sido um ponto de tensão entre o Irã e seus adversários regionais, como Arábia Saudita e Israel.
Escalada de tensões
O ataque deste domingo ocorre em um momento de grande tensão na região. Desde o início dos conflitos em Gaza, em maio de 2021, a situação tem se deteriorado, com uma série de ataques e retaliações entre Israel e grupos palestinos.
Além disso, as relações entre Israel e o Irã também têm se agravado nos últimos anos, com acusações mútuas de ataques e sabotagens. A presença dos houthis, aliados do Irã, no Iêmen, torna a região ainda mais instável.
Analistas temem que esse novo ataque possa levar a uma nova escalada de violência na região, com possíveis retaliações de Israel e uma intensificação dos conflitos. A situação é extremamente delicada e requer uma abordagem cautelosa e diplomática para evitar uma nova guerra.
Impactos regionais
O ataque dos houthis também tem implicações regionais mais amplas. O Iêmen vive uma guerra civil desde 2014, quando os rebeldes tomaram a capital Sanaa. Desde então, o país tem sido palco de uma disputa entre os houthis, apoiados pelo Irã, e uma coalizão liderada pela Arábia Saudita.
Essa guerra já causou uma das piores crises humanitárias do mundo, com milhares de mortos e milhões de deslocados. O ataque a Israel pode levar a uma reação da coalizão liderada pela Arábia Saudita, intensificando ainda mais o conflito no Iêmen.
Além disso, a presença dos houthis no Iêmen e seus ataques a alvos israelenses e sauditas têm alimentado as tensões entre o Irã e seus adversários regionais. Isso pode ter impactos em outras áreas de conflito, como a Síria e o Iraque, onde o "eixo da resistência" do Irã também está presente.
Em resumo, o ataque dos houthis contra Israel é mais um capítulo dessa complexa teia de conflitos regionais, que envolve diversos atores e interesses geopolíticos. A situação requer uma abordagem diplomática e de segurança cuidadosa para evitar uma escalada ainda maior da violência.
