Em meio a tentativas frustradas de venda da fatia da Novonor (antiga Odebrecht) na Braskem (BRKM5) ao longo de quase dois anos, credores costuram uma nova solução, segundo reportagem de Lauro Jardim, do jornal O Globo. Desta vez, a tentativa conta com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e tem o BTG Pactual (BPAC11) como intermediário nas negociações.
De acordo com o colunista, os bancos credores (Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e BNDES) estudam criar um fundo no qual os créditos seriam convertidos em ações da petroquímica. Assim, os bancos junto com a Petrobras (PETR4) passariam a co-controlar a Braskem, enquanto Novonor, antiga Odebrecht, ficaria com uma participação menor que 5% do total.
O Papel do BNDES
A participação do BNDES nessa nova tentativa de solução para a Braskem é vista como crucial. O banco de desenvolvimento tem um papel importante a desempenhar, tanto em termos de aportes financeiros quanto de articulação entre os diferentes atores envolvidos.
Ao converter os créditos em ações, o BNDES e os demais bancos credores estariam assumindo um papel mais ativo na gestão da Braskem, buscando estabilizar a empresa e garantir sua continuidade operacional. Essa estratégia também pode abrir caminho para uma eventual reestruturação societária e operacional da companhia.
Interesse dos Bancos
O jornal também informou que Bradesco e Banco do Brasil têm interesse pela transação. Já o Itaú continua reticente, especialmente após o incidente em Maceió, onde o colapso de minas de sal-gema causou o afundamento do solo em cinco bairros.
Essa divisão de opiniões entre os bancos credores reflete a complexidade do cenário e a necessidade de encontrar uma solução que atenda aos interesses de todos os envolvidos. O Itaú, por exemplo, pode estar mais cauteloso devido aos potenciais riscos e passivos relacionados ao incidente em Maceió.
Impacto na Petrobras
A entrada da Petrobras como co-controladora da Braskem também é um ponto relevante nessa nova proposta. A estatal petrolífera já possui uma participação na empresa petroquímica e, com essa nova configuração, teria uma influência ainda maior na tomada de decisões estratégicas.
Essa movimentação pode sinalizar uma maior integração entre os setores de petróleo e petroquímica no Brasil, com a Petrobras assumindo um papel mais ativo na cadeia de valor. Isso pode trazer benefícios em termos de sinergia, eficiência operacional e fortalecimento da posição competitiva da Braskem no mercado.
Desafios e Oportunidades
Apesar das dificuldades enfrentadas nos últimos anos, a Braskem continua sendo uma empresa estratégica para o setor industrial e de construção civil no Brasil. A busca por uma solução inovadora, com a participação do BNDES e de outros bancos credores, pode representar uma oportunidade de reposicionar a companhia e garantir sua sustentabilidade a longo prazo.
No entanto, desafios ainda precisam ser superados, como a definição dos termos exatos da transação, a acomodação dos diferentes interesses dos acionistas e credores, e a mitigação de eventuais riscos e passivos herdados da gestão anterior.
Conclusão
A nova tentativa de solução para a Braskem, com a participação do BNDES e a conversão de créditos em ações, representa um passo importante na busca por uma saída sustentável para a empresa. Essa movimentação pode trazer benefícios não apenas para a Braskem, mas também para o setor industrial e de construção civil como um todo, fortalecendo a posição do Brasil nessas áreas estratégicas.
Acompanhar de perto os desdobramentos dessa negociação será fundamental para entender os rumos futuros da Braskem e as implicações para o mercado. A capacidade de encontrar uma solução inovadora e equilibrada será crucial para garantir a continuidade e o fortalecimento dessa importante companhia do setor petroquímico brasileiro.