O presidente Lula assinou 37 atos de colaboração com o presidente da China, Xi Jinping, nesta quarta-feira (20/11) em Brasília, incluindo memorandos nas áreas de geração fotovoltaica, energia nuclear e desenvolvimento sustentável da mineração.
Energia Solar
O acordo sobre geração solar foi assinado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil e pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China. A cooperação deve envolver o intercâmbio de políticas e colaborações entre instituições de pesquisa e empresas.
Hoje, a maior parte dos equipamentos para geração solar instalados no Brasil são importados da China. Na semana passada, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços elevou de 9,6% para 25% o imposto de importação das células fotovoltaicas utilizadas em painéis solares, o que tem levado a críticas no setor.
Energia Nuclear
Os presidentes concordaram ainda com a declaração conjunta pela formação da "Comunidade de Futuro Compartilhado Brasil-China por um Mundo mais Justo e um Planeta mais Sustentável". A expectativa brasileira é diversificar a cooperação bilateral e buscar novas parcerias no enfrentamento à mudança do clima e na transição para energias limpas, sobretudo eólica, solar e biomassa.
Mineração Sustentável
Além dos acordos na área de energia, o Brasil e a China também firmaram memorandos sobre desenvolvimento sustentável da mineração. Esse é um setor estratégico para ambos os países, que buscam formas de explorar os recursos naturais de forma mais responsável e alinhada com as metas climáticas globais.
Transição Energética
No contexto do G20, o Brasil também fechou um acordo com os Estados Unidos esta semana sobre transição energética. A "Nova Parceria Brasil-EUA para a Transição Energética" prevê colaboração bilateral em três pilares principais: produção e implantação de energia limpa; desenvolvimento da cadeia de fornecimento de tecnologia de energia limpa; e industrialização verde.
É importante destacar que, apesar das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, o atual presidente dos EUA, Joe Biden, manteve os acordos firmados pelo antecessor, Donald Trump. Isso demonstra a importância que a transição energética e a cooperação internacional têm ganhado na agenda global.
Desafios e Oportunidades
Alguns desafios e oportunidades se destacam nesse cenário de acordos e parcerias:
Recontratação de Usinas Térmicas
A Petrobras tem defendido um maior senso de urgência na definição do Leilão de Reserva de Capacidade, antes previsto para 2024, mas que ainda tem prazos indefinidos. A companhia tem um parque termelétrico de 4,9 GW, dos quais 2,9 GW estão por perder contratos. A estatal defende ainda que a ANP aprove uma tarifa flexível de transporte de gás, para viabilizar a recontratação de térmicos existentes.
Fusões e Aquisições no Setor Elétrico
O setor elétrico brasileiro teve 51 operações de fusões e aquisições entre janeiro e setembro de 2024, um aumento de 45% na comparação anual. A maioria dos acordos fechados em 2024 (37) foi entre empresas brasileiras, demonstrando a movimentação do mercado nacional.
Perdas Não Técnicas
Os furtos representaram 15,75% do mercado de baixa tensão das distribuidoras brasileiras em 2023, segundo os dados mais recentes da Aneel. Houve um crescimento nas chamadas perdas não técnicas, que, em 2022, corresponderam a 14,8% da geração. Isso impacta diretamente os custos e tarifas do setor elétrico.
Perspectivas para Geração Eólica
Uma pesquisa da consultoria Deloitte com o apoio da Abeeólica apontou que seis em cada dez executivos dos maiores grupos econômicos ligados ao setor da cadeia eólica avaliam que o mercado nacional tem potencial de crescimento. No entanto, o setor enfrenta uma forte crise que tem causado desindustrialização pela falta de novos contratos e anúncios de empresas que estão paralisando a produção ou deixando o país.
Esses são alguns dos principais temas que permeiam o cenário energético brasileiro após os recentes acordos firmados entre Brasil e China, bem como a nova parceria com os Estados Unidos. É um momento de grandes desafios, mas também de oportunidades para o país avançar na transição energética e no desenvolvimento sustentável.