As grandes gravadoras estão passando por um problema com seus armazenamentos. Os HDs usados desde os anos 90 para guardar músicas e sessões de gravação estão estragando. Além do risco de perder esses arquivos, o problema afeta a remasterização de músicas para formatos de alta qualidade de streamings.
O caso foi publicado pela revista Mix, especializada em música, que apurou a informação com a Iron Mountain, empresa do ramo de recuperação de dispositivos de armazenamento que atende companhias do entretenimento. Nos anos 90, as gravadoras passaram a adotar os discos rígidos para guardar seus arquivos pela praticidade — ou pelo que parecia ser praticidade na época.
O Problema dos Discos Rígidos Antigos
De cada cinco HDs que chegam à Iron Mountain, um não pode ser lido — foi de Starway to Heaven. A empresa aponta que mesmo se armazenado corretamente, os discos rígidos vão apresentar falhas após alguns anos.
O problema é ainda maior quando os donos (seja gravadora, músicos ou os responsáveis pelos espólios) não mantêm um processo de verificar regularmente a saúde dos HDs. Por exemplo, você sabe quando o seu disco rígido está estragando quando o computador começa a passar por problemas. Discos rígidos para consumidores podem durar até dez anos no melhor cenário, mas a média costuma ser cinco anos.
Se a gravadora ou estúdio joga um HDD (outro nome para o HD) no cofre e só o tira quando vai remasterizar o material, ela pode ficar anos sem perceber a deterioração gradual. Ainda que armazenado em ambiente com as condições ideais, ele pode falhar antes do fim da vida útil — que é menor do que a dos SSDs.
Koszela explica que estúdios pequenos ou espólios de artistas têm menos cuidado, com os HDs, deixando de qualquer jeito em algum espaço na sede. Já os grandes estúdios demoram para avaliar os discos rígidos por esperarem estratégias comerciais — como algum relançamento para celebrar o aniversário de algum disco. Antes de entrar na empresa, Koszela foi funcionário da Universal Music Group.
A Iron Mountain destaca que há casos de HDs usados em gravações de 1990 a 1995 que estão estragando. Robert Koszela, um dos diretores da empresa, relata que os discos rígidos de algumas empresas chegam ainda com as etiquetas de quando foram comprados — e já sem salvação.
O Impacto nos Streamings e Remasterizações
Com os streamings de música mais populares e fornecendo música em alta qualidade (menos o Spotify), as gravadoras precisam remasterizar as músicas para formatos mais novos, além de atender os codecs mais recentes. Assim, ao buscar os HDDs para esse processo, as empresas percebem os problemas.
Como destaca o site Mix, até a popularização do Guitar Hero contribuiu para as gravadoras remasterizarem músicas antigas. E os filmes também exigem melhorias na qualidade das canções. Afinal, é um setor que evolui na tecnologia de áudio.
Soluções em Desenvolvimento
Para resolver esse problema, a Iron Mountain e outras empresas do setor estão desenvolvendo soluções. Uma delas é a criação de serviços de armazenamento em nuvem dedicados para as gravadoras, com backups regulares e monitoramento da saúde dos arquivos.
Outra alternativa é a migração dos dados dos HDs antigos para novos dispositivos de armazenamento, como SSDs e discos rígidos modernos. Isso permite preservar o conteúdo e prepará-lo para futuras remasterizações e streamings.
Além disso, as gravadoras estão investindo em treinamento de suas equipes para identificar sinais de deterioração dos discos rígidos e adotar melhores práticas de armazenamento e manutenção dos arquivos.
O desafio é grande, mas é essencial que as grandes gravadoras resolvam esse problema de armazenamento. Afinal, esses arquivos representam um patrimônio inestimável da música e da cultura mundial, que precisa ser preservado para as próximas gerações.