Após avançar por oito meses consecutivos, o poder de compra de suinocultores paulistas caiu frente ao milho em outubro, conforme apontam levantamentos do Cepea. Segundo este Centro de Pesquisas, a mudança de cenário se deve às recentes e intensas valorizações do cereal no mercado doméstico.
Na parcial deste mês (até o dia 22), o suíno vivo é negociado à média de R$ 8,97/kg na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), tímido aumento de 0,3% em relação a setembro, indicando um equilíbrio entre oferta e demanda.
No mercado de milho, segundo explica a Equipe Grãos/Cepea, mesmo diante do avanço da semeadura da safra verão e de previsões indicando chuvas na maior parte das regiões produtoras, os preços sobem impulsionados pela retração vendedora e pela necessidade de parte dos compradores recompor os estoques. O Indicador Esalq/BM&FBovespa (Campinas – SP) registra média de R$ 67,40/saca de 60 kg na parcial de outubro, forte alta de 7,7% frente a setembro.
Queda no poder de compra
O Índice de Poder de Compra (IPC-Suíno) do Cepea, que relaciona os preços do suíno vivo e do milho, recuou 7,4% em outubro ante setembro, para 0,133. Isso significa que, para adquirir uma saca de 60 kg de milho, o produtor de suínos precisava destinar 7,52 kg de suíno vivo, ante 7,01 kg em setembro.
De acordo com a pesquisadora do Cepea Larissa Wachholz, a valorização do milho tem pressionado os custos de produção dos suinocultores, reduzindo a rentabilidade da atividade. "Essa queda no poder de compra pode comprometer os investimentos e até mesmo a expansão da produção de suínos nos próximos meses", alerta.
Segundo Larissa, a maior parte dos suinocultores já havia formado seus estoques de milho para o último trimestre de 2023, o que minimizou os impactos da alta do cereal neste período. No entanto, a pesquisadora ressalta que, para os próximos meses, a situação pode se agravar caso os preços do milho permaneçam em patamar elevado.
Cenário do milho
De acordo com a Equipe Grãos/Cepea, os preços do milho têm subido devido à retração vendedora e à necessidade de parte dos compradores recompor os estoques. Mesmo com o avanço da semeadura da safra verão e previsões de chuvas na maior parte das regiões produtoras, o mercado segue firme.
Segundo a equipe, a demanda aquecida, especialmente da avicultura e suinocultura, tem sustentado os patamares elevados dos valores do cereal. Além disso, a redução dos estoques públicos e privados também tem contribuído para a valorização.
"Apesar da expectativa de uma nova safra, os agentes do mercado ainda estão cautelosos quanto à disponibilidade de milho nos próximos meses, o que tem sustentado os preços em patamares elevados", explica a pesquisadora do Cepea Larissa Wachholz.
Perspectivas para o setor suinícola
A queda no poder de compra dos suinocultores pode trazer desafios para o setor nos próximos meses. Segundo Larissa, a redução da rentabilidade pode comprometer os investimentos e até mesmo a expansão da produção de suínos.
"É importante que os suinocultores acompanhem de perto a evolução dos preços do milho e busquem estratégias para minimizar os impactos nos custos de produção, como a diversificação de fontes de alimentação animal", orienta a pesquisadora.
Além disso, Larissa ressalta a importância de os produtores manterem uma gestão eficiente de seus negócios, buscando otimizar os processos e reduzir custos sempre que possível. "Somente assim será possível atravessar esse período de maior pressão sobre a rentabilidade da atividade", conclui.
Em resumo, a queda no poder de compra dos suinocultores paulistas frente ao milho em outubro é um sinal de alerta para o setor, que precisa se adaptar e buscar estratégias para enfrentar esse cenário desafiador. A valorização do cereal tem pressionado os custos de produção, comprometendo a rentabilidade da atividade, o que pode afetar os investimentos e a expansão da produção nos próximos meses.