O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação de agosto, ficou em 0,19%, após taxa de 0,30% registrada em julho. O número veio praticamente em linha com o esperado pelo mercado, que calculava alta de 0,20% para o período, segundo pesquisa da Reuters. Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 4,35%, abaixo dos 4,45% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em agosto de 2023, a taxa foi de 0,28%.
Os números divulgados hoje pelo instituto apontam que a maior variação (0,83%) e o maior impacto (0,17 ponto percentual) vieram do grupo Transportes. Na sequência, destacam-se os grupos Educação (0,75% e 0,05 p.p.) e Artigos de residência (0,71% e 0,03 p.p.).
Perspectivas para a política monetária
"A pequena queda na taxa de inflação juntamente com as perspectivas de um corte de taxa pelo Fed no mês que vem significa que o Copom provavelmente deixará as taxas inalteradas (em vez de aumentá-las) no mês que vem", disse em nota a economista de mercados emergentes da empresa de pesquisa econômica Capital Economics, Kimberley Sperrfechter.
Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, destacou ainda a desaceleração dos núcleos de inflação, que desconsideram preços mais voláteis, e dos serviços.
"Em linhas gerais, o que tivemos hoje foi uma inflação que, ainda que com alguns pontos de pressão, trouxe uma composição benigna," afirmou. "Neste sentido, se o próximo IPCA vier com uma leitura parecida com a prévia de hoje, talvez fique um pouco mais difícil justificar novas altas na taxa Selic."
O Comitê de Política Monetária voltará a se reunir em 17 e 18 de setembro e autoridades do BC já afirmaram que não hesitarão em subir os juros se necessário, em meio à piora das expectativas de inflação, ainda que tenham destacado uma melhora do cenário externo desde a reunião anterior, no fim de julho.
O Federal Reserve, banco central dos EUA, já sinalizou explicitamente que deve cortar os juros em setembro, o que tem alimentado o apetite a risco dos investidores, contribuindo para uma valorização cambial em mercados emergentes como o Brasil.
Destaques setoriais
No grupo Alimentos, os preços da alimentação no domicílio caíram 1,30% em agosto, acima do recuo de 0,70% registrado em julho. Contribuíram para esse resultado as quedas de produtos como tomate (-26,59%), cenoura (-25,06%) e batata-inglesa (-13,13%). Já a alimentação fora do domicílio teve alta de 0,49%.
No grupo Transportes, a alta foi influenciada pelo aumento de 3,47% dos combustíveis. Já as passagens aéreas tiveram recuo de 4,63% nos preços.
O gás de botijão subiu 1,93% no mês, enquanto a energia elétrica residencial recuou 0,42%, após alta de 1,20% em julho, com o retorno da chamada bandeira tarifária verde, que não traz cobranças adicionais para os consumidores.
Conclusão
O IPCA-15 de agosto, apesar de apresentar uma desaceleração em relação ao mês anterior, ainda exige atenção das autoridades monetárias. A composição da inflação, com pressões em setores-chave como Transportes e Educação, reforça a necessidade de um acompanhamento cuidadoso da evolução dos preços nos próximos meses.
As perspectivas de política monetária, com a possibilidade de um corte de juros pelo Fed e a cautela do Copom, também merecem monitoramento atento, pois podem impactar diretamente a trajetória da inflação no Brasil. Nesse cenário, é fundamental que o Banco Central mantenha sua vigilância e esteja pronto para adotar as medidas necessárias para garantir a estabilidade de preços e a retomada do crescimento econômico de forma sustentável.