Investimentos Privados em Infraestrutura atingem R$ 372,3 Bbilhões nos próximos 5 anos

Investimentos Privados em Infraestrutura atingem R$ 372,3 Bbilhões nos próximos 5 anos

Os investimentos privados em infraestrutura somam R$ 372,3 bilhões nos próximos cinco anos, entre 2025 e 2029, segundo cálculo da Abdib (Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base). O valor é 63,4% maior do que a projeção realizada no ano passado, para o ciclo entre 2024 e 2028 – um reflexo do avanço das concessões no país. Os dados são do Livro Azul da Infraestrutura, publicação anual da entidade.

O Avanço das Concessões

A conta inclui os investimentos já contratados ou em vias de serem contratados, nos setores de transporte, saneamento e infraestrutura social. Foram consideradas as concessões licitadas após 2020 e os projetos com edital publicado – o design engloba apenas os valores previstos para os próximos cinco anos, e não o total dos contratos.

Entre os projetos que entram no levantamento estão, por exemplo, os leilões de rodovias marcados até o fim deste ano e as concessões da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro). Um fator que pesou no resultado e inflou a comparação anual foi a privatização da Sabesp, realizada em julho deste ano, que adicionou R$ 66 bilhões à conta.

Antes da desestatização, a empresa de saneamento já tinha um plano de investimentos, que não entrou na conta porque a companhia era estatal. Porém, mesmo excluindo o efeito da Sabesp, os investimentos privados contratados até 2029 somaram R$ 305,9 bilhões, alta de 34,3% em relação à projeção do ano passado.

Perspectivas Otimistas

"Houve um avanço grande, e a tendência é que a contratação de projetos continue crescendo", afirma Roberto Guimarães, diretor de planejamento e economia da Abdib. "Na projeção do ano que vem esperamos uma prosperidade, porque entrarão em novos investimentos em ferrovias e haverá muitos leilões de saneamento e rodovias."

Considerando todos os projetos em estudo, a Abdib mapeou 495 iniciativas, que somam um potencial de R$ 750,5 bilhões. O setor de rodovias tem a maior perspectiva de obras (R$ 288,6 bilhões), seguido por ferrovias (R$ 168,9 bilhões), mobilidade urbana (R$ 115,6 bilhões) e saneamento (R$ 112 bilhões). "Boa parte dos projetos se tornará investimento contratado nos próximos três anos", diz ele.

Mercado de Rodovias em Ascensão

O mercado de rodovias vive uma onda de licitações, que deve seguir em 2025. "O aumento de investimentos no setor é fruto de um aprendizado acumulado nos últimos anos. Os editais de hoje são muito mais aderentes na relação risco-retorno, têm matriz de risco mais equilibrada", afirma Guimarães.

Investimentos em Ferrovias e Saneamento

Já nas ferrovias, entre os investimentos que poderão ser contratados no próximo ano estão a renovação antecipada da concessão da FCA (Ferrovia Centro Atlântica), em consulta pública, e a repactuação dos aditivos da Vale e MRS, que deverão incorporar novos valores.

Em saneamento, a perspectiva é de diversos novos leilões no próximo ano. Guimarães destaca as concessões em estudo pelo BNDES, com projetos no Pará, em Pernambuco, em Rondônia e em Goiás.

Desafios e Preocupações

Apesar do otimismo, a Abdib também aponta desafios. Uma das preocupações é o corte de orçamento das agências reguladoras. "Entre maiores reduções de palavra estão na Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] e na ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres]. É um contrasenso, há uma avalanche de concessões para ampliar investimentos, e o governo tira recursos dos órgãos, deixa lacunas na diretoria e aumenta o trabalho", afirma Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib.

Desafios no Licenciamento Ambiental

Outro gargalo para a execução dos investimentos é o licenciamento ambiental, avalia Tadini. "O quadro o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] precisa ser fortalecido com urgência", diz ele.

Para Natália Marcassa, presidente da Moveinfra, que reúne grandes empresas de infraestrutura, a demora no processo de licenciamento é a principal preocupação hoje. "Teve greve do Ibama, o que gerou um 'backlog' enorme. Isso impactou muito, foi o principal estrangulamento neste ano", diz.

Necessidade de Diversificação de Setores

Para os próximos projetos, ela avalia que é preciso fomentar outros segmentos. "O mercado está aquecido para saneamento e rodovias. Mas fez pouco de novo nas ferrovias, nas facilidades portuárias e nos aeroportos. A oportunidade é trazer mais setores ao jogo."

Outra entrada será viabilizar concessões com demanda insuficiente para garantir a previsão, afirma Marcato. "Os governos estão leiloando o 'filé'. Mas vai começar a ter menos projeto superavitário. Há tendência de contratos que exigirão transporte público."

O Papel do Setor Privado

O avanço dos projetos privados é apontado como essencial para garantir a alta dos investimentos de infraestrutura no país, ainda abaixo do necessário. Em 2024, o Brasil deverá chegar a R$ 259,3 bilhões, aumento de 15,3% na comparação anual, segundo a Abdib, que considera transportes, energia elétrica, telecomunicações e saneamento. Houve aumento do lado dos transportes públicos, mas a maior parte (76%) vem do setor privado, que neste ano deve atingir recorde de investimento.

"O papel do setor privado é relevante porque garante os investimentos onde há rentabilidade e, com isso, divide a responsabilidade com o poder público, sobra mais para investir em regiões menos rentáveis", diz Renan Filho, Ministro dos Transportes.

Apesar dos desafios, o cenário para os próximos anos é de otimismo e crescimento nos investimentos privados em infraestrutura no Brasil.

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