A Ascensão dos Alimentos Funcionais: Transformando a Indústria Alimentícia

A Ascensão dos Alimentos Funcionais: Transformando a Indústria Alimentícia

Impulsionado por tendências que refletem as mudanças nas preferências dos consumidores, o setor de alimentos vem passando por diversas transformações. Entre os movimentos mais significativos apontados pelo Sebrae, está a busca crescente por alimentos funcionais, adaptados a necessidades individuais e condições de saúde específicas.

A fim de atender a essa demanda, a indústria alimentícia está reformulando produtos para oferecer mais opções que priorizem a nutrição e a saúde, além de investir fortemente em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos do tipo, como antioxidantes, probióticos e ingredientes fortificados.

3 grandes tendências da indústria de alimentos

Alimentos saudáveis e funcionais

A busca por alimentos que ofereçam benefícios à saúde, além de suas propriedades nutricionais básicas, tem sido uma das principais tendências do setor. Consumidores estão cada vez mais conscientes da importância de uma alimentação equilibrada e estão dispostos a pagar mais por produtos que atendam a essa necessidade.

Produção com práticas sustentáveis

Outra tendência que vem ganhando força é a adoção de práticas sustentáveis na produção de alimentos. Consumidores estão cada vez mais preocupados com o impacto ambiental da indústria alimentícia e estão buscando opções que sejam produzidas de forma responsável.

Uso de tecnologias para produção

O setor de alimentos também tem investido fortemente em tecnologias para melhorar a eficiência e a qualidade da produção. Desde o uso de inteligência artificial para otimizar processos até a adoção de técnicas de processamento avançadas, a indústria está se adaptando para atender às demandas dos consumidores.

O que são alimentos funcionais?

Segundo a Embrapa, há definições distintas internacionalmente para "alimento funcional", mas em todas elas o fundamento é o mesmo. São chamados de funcionais os alimentos sólidos ou líquidos consumidos na dieta cotidiana que, além de suas propriedades nutricionais básicas, oferecem benefícios específicos à saúde, auxiliando para um melhor funcionamento do organismo.

Por conterem substâncias biologicamente ativas em sua composição, eles ajudam a regular algumas atividades corporais, reduzindo os riscos de doenças como câncer, osteoporose, diabetes, prisão de ventre, pressão alta, entre outras.

O que são substâncias bioativas?

A Resolução RDC nº 243 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) caracteriza os bioativos como nutrientes (vitaminas e minerais, por exemplo) ou não nutrientes (como licopeno, flavonoides, ômega 3) que possuem ação metabólica ou fisiológica específica no organismo humano.

A autarquia esclarece que, para ser considerada bioativa, a substância precisa ser um componente natural de alimentos com histórico de uso reconhecido. Isso quer dizer que deve estar tradicionalmente na dieta e ter uma composição conhecida. "Também pode ser obtido a partir de alimentos sem histórico de consumo no País, desde que a segurança de seu uso seja comprovada nos termos das Resoluções nº 16 e 17, de 1999", complementa a Anvisa.

Exemplos de bioativos

As fibras solúveis, as fibras insolúveis e a beta-glucana presentes na aveia são exemplos de componentes ativos. Nesse caso, o consumo regular de aveia pode ajudar no bom funcionamento intestinal, na prevenção do câncer de cólon, no controle da glicemia, na redução do nível de colesterol e ainda na manutenção do peso, já que aumenta a sensação de saciedade.

Entre as classes de alimentos tidas como funcionais, a Embrapa destaca também como exemplos os probióticos (microorganismos vivos que contribuem para o desenvolvimento da flora microbiana no intestino); os antioxidantes (incluem, entre outros componentes, as vitaminas A, C e E e compostos fenólicos, que atuam contra os radicais livres); e os ácidos graxos, ômega 3, ômega 6 e ácido linoléico conjugado (possuem diferentes propriedades como anti-inflamatória e anticoagulante, e colaboram na redução do colesterol).

O mercado de alimentos funcionais

"O mercado global de alimentos funcionais deverá crescer de 186,2 bilhões de dólares em 2023 para 212,8 bilhões até 2028", de acordo com a Mordor Intelligence. Esse crescimento é impulsionado pela crescente demanda por produtos que ofereçam benefícios à saúde, além de suas propriedades nutricionais básicas.

Compostos bioativos como estes estão presentes nos alimentos in natura, como legumes, frutas e cereais, mas também podem ser acrescentados por processo industrial a outros tipos de alimento. Bebidas funcionais são uma amostra disso. Em alta atualmente no mercado, são vendidas com as mais variadas fórmulas e objetivos, desde dar energia e melhorar a função cognitiva até turbinar o sistema imunológico.

A marca Natural One, por exemplo, passou a comercializar em julho bebidas funcionais com yacon, tubérculo originário dos Andes conhecido pelo seu alto valor nutricional, com benefícios relativos à saúde intestinal e principalmente ao controle da glicemia. Já a Mahta produz um café funcional amazônico, que traz vitalidade combinando café orgânico agroflorestal, guaraná de Maués e marapuama, planta medicinal que promove o vigor.

Regulamentação dos alimentos funcionais no Brasil

O controle dos alimentos considerados funcionais no país é feito pela Anvisa. Para receberem essa classificação, eles precisam passar por avaliação da agência, que considera os ingredientes, a tabela nutricional, os benefícios de consumo e se seu uso é seguro sem supervisão médica.

Para essa análise, a legislação não se refere a "alimento funcional", e sim alegação de propriedade funcional e alegação de propriedade de saúde. "Uma alegação é qualquer mensagem ou representação que sugira ou implique que uma substância bioativa de um alimento possui características particulares", explica o órgão.

Para que uma alegação seja autorizada, a Anvisa informa que o solicitante deve apresentar comprovação fundamentada por meio de evidência científica consistente e confiável. Aprovado o alimento/ingrediente, a autarquia então determina as diretrizes para sua utilização e as condições de registro.

Cuidados essenciais no consumo de alimentos funcionais

É preciso estar consciente, por fim, que os alimentos funcionais não atuam como medicamentos. Os próprios guias da Anvisa frisam que as alegações podem se associar à promoção geral da saúde, ao papel fisiológico dos nutrientes ou não nutrientes e à diminuição do risco a doenças, mas "não são permitidas alegações que façam referência à cura ou prevenção de doenças", dizem os documentos.

Outros cuidados essenciais quanto ao consumo:

  • Regularidade - Para que os benefícios dos alimentos funcionais sejam alcançados de fato, devem ser consumidos regularmente. Frutas, legumes, verduras e cereais integrais, por exemplo, que contêm a maior parte dos bioativos, precisam ser ingeridos diariamente.

  • Dieta deve ser condizente - Essas substâncias têm efeito apenas quando combinadas com uma dieta saudável e balanceada. Não ainda consumir alimentos que ajudam no controle da glicemia ou do colesterol, por exemplo, se no restante da alimentação houver consumo excessivo de açúcar e gordura.

  • De olho no rótulo - No caso dos alimentos funcionais industrializados, é importante, principalmente, se informar sobre o produto e seu fabricante, verificando se ele teve sua eficácia avaliada em pesquisas sérias, e seguir as instruções de uso dos rótulos, para que sejam gerados os benefícios esperados. Além disso, não custa lembrar que esses alimentos não substituem uma refeição, são apenas complementos.

Com o crescente interesse dos consumidores por alimentos que ofereçam benefícios à saúde, a indústria alimentícia tem se adaptado para atender a essa demanda. A ascensão dos alimentos funcionais tem transformado o setor, com a adoção de novas tecnologias, práticas sustentáveis e o desenvolvimento de produtos inovadores. À medida que essa tendência se fortalece, é essencial que os consumidores estejam cientes dos cuidados e regulamentações envolvidos no consumo desses alimentos, para que possam desfrutar de seus benefícios de forma segura e consciente.

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