Queda surpreendente do Superávit comercial brasileiro em 2024

Queda surpreendente do Superávit comercial brasileiro em 2024

Em 2024, o Brasil enfrenta uma queda surpreendente em seu superávit comercial, uma mudança significativa em comparação aos anos anteriores. Essa tendência é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a desvalorização de diversas commodities (bens primários com cotação internacional) e o aumento das importações decorrentes da recuperação da economia.

O Cenário Atual

No mês de outubro, o país exportou US$ 4,343 bilhões a mais do que importou, uma queda de 52,7% em relação ao mesmo mês de 2023 e o pior resultado para outubro desde 2017. Esse cenário reflete uma tendência mais ampla, com o superávit comercial nos dez primeiros meses do ano atingindo US$ 63,022 bilhões, 22% inferior ao mesmo período de 2023, embora ainda seja o segundo melhor resultado da série histórica.

Exportações em Queda

As exportações brasileiras caíram 0,7% em outubro na comparação com o mesmo mês do ano anterior, somando US$ 29,461 bilhões. Essa queda foi impulsionada pela diminuição nos preços internacionais de produtos-chave, como soja, milho, ferro, aço e açúcar. Apesar disso, algumas exportações, como café, celulose e carne bovina, registraram alta no mês passado, compensando parcialmente a redução de preços dos demais produtos.

Importações em Alta

Por outro lado, as importações brasileiras subiram 22,5% em outubro, atingindo US$ 25,119 bilhões. Esse aumento foi impulsionado principalmente pela aquisição de medicamentos, motores, máquinas, adubos e fertilizantes químicos. No entanto, a maior alta foi relacionada ao gás natural, cujo valor comprado aumentou 306,6% em outubro na comparação com o mesmo mês do ano anterior, com um aumento de 187,3% no volume importado e 41,5% no preço.

Impacto nos Setores

A queda no preço das commodities exportadas teve um impacto significativo no setor agropecuário, com uma redução de 5,3% no volume de mercadorias embarcadas e 7% no preço médio em outubro. Por outro lado, a indústria de transformação foi a exceção, com a quantidade exportada subindo 9,2% e o preço médio avançando 0,8%. Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu 10,3%, enquanto os preços médios recuaram 22,2%.

Perspectivas para 2024

O governo revisou para baixo a projeção de superávit comercial para 2024, de US$ 79,2 bilhões para US$ 70 bilhões, uma queda de 28,9% em relação a 2023. Essa revisão reflete a expectativa de que as exportações caiam 1,2% em 2024 na comparação com 2023, encerrando o ano em US$ 335,7 bilhões, enquanto as importações subirão 10,2% e fecharão o ano em US$ 264,3 bilhões.

Essa projeção é mais pessimista do que a do mercado financeiro, que prevê um superávit de US$ 77,78 bilhões em 2024, segundo o Boletim Focus do Banco Central. A recuperação da economia, que aumenta o consumo, é um dos fatores que impulsionam a alta das importações.

Conclusão

O cenário de 2024 para o comércio exterior brasileiro é marcado por desafios e incertezas. A queda no superávit comercial, impulsionada pela desvalorização de commodities e pelo aumento das importações, exige uma análise cuidadosa e a adoção de estratégias para manter a competitividade do país no mercado internacional. Será necessário acompanhar de perto a evolução desses indicadores e as medidas adotadas pelo governo e pelo setor privado para enfrentar esse novo cenário.

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