Os contêineres Docker são uma solução leve e eficiente para empacotar e mover aplicativos de maneira portátil entre diferentes ambientes, sejam eles físicos, virtuais ou em nuvem. Diferente das máquinas virtuais (VMs), os contêineres compartilham o mesmo sistema operacional subjacente, o que reduz a sobrecarga e os torna mais ágeis.
Docker, desenvolvido pela Docker Inc., é uma plataforma poderosa que simplifica o uso de contêineres através de uma interface de linha de comando (CLI) e APIs. Ele aproveita a funcionalidade de contêineres já presente no Linux, disponibilizando-a de forma acessível para usuários em diversas plataformas, como Linux, Windows e macOS.
Neste guia, exploraremos desde a instalação do Docker até o uso prático de contêineres, incluindo o trabalho com imagens e Dockerfiles.
O que é o Docker e como ele funciona
O Docker Engine, o núcleo da plataforma, é um projeto de código aberto que permite aos desenvolvedores criar, gerenciar e distribuir contêineres. Ele pode ser instalado em sistemas Linux nativamente, ou em Windows e macOS com a ajuda de ferramentas adicionais, como o Docker Desktop.
O Docker facilita a implementação de pilhas de software em componentes independentes, permitindo que você crie aplicações baseadas em microsserviços, onde cada parte do sistema é isolada em um contêiner. Isso garante flexibilidade, modularidade e escalabilidade, tornando as aplicações mais fáceis de gerenciar e atualizar.
Diferenças entre Docker Engine e Docker Desktop
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Docker Engine: Instalado diretamente no Linux e acessado via linha de comando. Ele pode ser usado de forma manual, sem uma interface gráfica, e é voltado para usuários que preferem um controle mais direto sobre o ambiente.
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Docker Desktop: Fornece uma interface gráfica conveniente para usuários que preferem evitar o uso intenso da linha de comando. Disponível em Windows, macOS e Linux, o Docker Desktop inclui uma CLI integrada, facilitando o gerenciamento de contêineres para desenvolvedores, especialmente em ambientes de desenvolvimento não-Linux. No entanto, o licenciamento pode ser um ponto importante, pois o Docker Desktop é gratuito apenas para uso pessoal e educacional, enquanto o uso comercial pode incorrer em taxas, dependendo do porte da empresa.
Usando Docker em Diferentes Plataformas
Docker no Linux
No Linux, o Docker aproveita os recursos nativos do kernel, como namespaces e cgroups, para isolar processos. A instalação do Docker Engine é direta, mas cada distribuição Linux pode ter suas particularidades. Uma vez instalado, é possível usar tanto a linha de comando quanto o Docker Desktop para gerenciamento.
Docker no Windows
O Docker no Windows pode ser executado de duas formas: via Hyper-V (tecnologia de virtualização nativa) ou com WSL2 (Windows Subsystem for Linux). O WSL2 é geralmente preferido por ser mais leve e não exigir uma versão específica do Windows (ao contrário do Hyper-V, que é exclusivo das versões Pro e Enterprise).
Se você trabalha com ambientes corporativos, pode utilizar o Docker com outras soluções de virtualização como o VMware, mas isso exige edições empresariais do Docker.
Docker no macOS
A instalação do Docker no macOS é bastante simples e semelhante a outros aplicativos, utilizando o Docker Desktop como ferramenta principal. No entanto, assim como no Windows, você pode também operar o Docker através da linha de comando para maior controle.
Trabalhando com a CLI do Docker
A CLI do Docker é a ferramenta padrão para interagir com o Docker. A maioria das tarefas, como a criação de contêineres, gerenciamento de volumes e redes, e a inspeção de imagens, são realizadas a partir da linha de comando.
Um dos primeiros comandos a ser executado após a instalação do Docker é o docker info
, que exibe informações sobre o estado do sistema Docker, como a quantidade de contêineres e imagens, além de detalhes sobre volumes e redes.
docker info
Para criar e executar contêineres, você utilizará comandos como docker run
. Abaixo, mostramos um exemplo de como iniciar um contêiner básico do Ubuntu Linux:
docker run -it ubuntu bash
Esse comando baixa a imagem do Ubuntu (caso ela não esteja presente localmente), cria o contêiner e abre uma sessão do shell bash
dentro do contêiner.
Dockerfiles: Automatizando Imagens
Um Dockerfile é um arquivo de script que contém instruções para criar uma imagem Docker de maneira automatizada. Ele define o sistema base, pacotes, dependências e configurações que o contêiner precisará para funcionar. A utilização de Dockerfiles permite a reprodutibilidade, já que todos os requisitos para construir o ambiente são declarados de forma clara.
Exemplo básico de Dockerfile:
# Utiliza a imagem base do Ubuntu
FROM ubuntu:latest
# Atualiza os pacotes e instala o Apache
RUN apt-get update && apt-get install -y apache2
# Define o comando padrão ao iniciar o contêiner
CMD ["apachectl", "-D", "FOREGROUND"]
Ao construir uma imagem a partir desse Dockerfile, o Docker criará um contêiner que executa o servidor Apache:
docker build -t meu_apache .
docker run -p 80:80 meu_apache
Contêineres vs. Máquinas Virtuais
Embora os contêineres e as VMs compartilhem algumas semelhanças, como a execução de processos isolados, as principais diferenças estão na eficiência e no overhead. Contêineres são mais leves, compartilham o mesmo kernel do host e consomem menos recursos, ao contrário das VMs, que precisam de um sistema operacional completo para cada instância.
Quando um contêiner não está ativo, ele consome quase nenhum recurso, exceto o espaço em disco. Isso os torna ideais para ambientes onde a escalabilidade e o uso eficiente de recursos são cruciais.
Conclusão
O Docker revolucionou a maneira como aplicativos são desenvolvidos, distribuídos e executados. Ele oferece uma solução robusta para a criação de ambientes portáteis, permitindo que você construa, teste e implante aplicações de forma consistente e eficiente, independentemente do ambiente subjacente. Seja você um desenvolvedor ou um administrador de sistemas, o Docker é uma ferramenta essencial para trabalhar com contêineres e microsserviços em qualquer plataforma.