Durante o 11º Congresso Brasileiro de Fertilizantes (CBFer), realizado pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), o sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, Carlos Cogo, falou sobre o dilema que o produtor rural dos Estados Unidos enfrentará.
O Impacto da Eleição Americana nos Preços da Soja
"Eleição nos EUA. Se os democratas ganharem, nada muda. Se o Donald Trump vencer, voltamos a política de confronto com a China e a demanda do país volta para o Brasil. Na última vez que isso ocorreu, os preços da soja nos portos brasileiros saíram de negativo para US$ 2,40/bushel, saindo de um preço ruim para um altamente lucrativo. Se o ciclo não for quebrado, será necessário reduzir área", diz Cogo.
De acordo com o diretor da Cogo Inteligência, da última vez que a relação entre os estoques/consumo estiveram nos patamares recordes de 33% (2018/2019), como os previstos para 2024/2025, os Estados Unidos reduziram em 14% sua área plantada.
"Não precisa ser um analista para entender que estoque em alta significa preço em baixa. Quanto a redução da área plantada, não acredito que haverá um recuo nesta ordem de 14%, mas essa redução na área plantada vai acontecer, é algo histórico. Imagina o produtor rural dos EUA olhando a eleição e pensando, que se ele votar no Trump, ele ficará sem mercado para soja e milho. É um dilema", analisa Cogo.
Previsões para os Preços da Soja
O que esperar para os preços da soja? Cogo ressalta que estamos vivendo o terceiro ano de baixa nos preços da soja, caminhando para um cenário de redução de margens e área plantada. Para ele, o preço médio da soja em Chicago ficará em torno de US$ 10,12 em 2025.
Break Even Point para Produtores
Sendo assim, o break even point para cobrir os custos de total de produção será de:
- US$ 9,35/bushel no Cerrado brasileiro
- US$ 9,23/bushel no Sul do Brasil
- US$ 4,45/bushel na Argentina
- US$ 5,61/bushel na Argentina com retenciones
- US$ 5,08/bushel no Paraguai
- US$ 9,84/bushel nos EUA (proprietário)
- US$ 16,74/bushel nos EUA (arrendatário)
"Olha a situação do norte-americano, o proprietário da terra não tem mais lucro e o arrendatário está no negativo. Só que tem um detalhe, 78% dos produtores do país são arrendatários", alerta Cogo.
Portanto, o dilema do produtor rural americano é claro: se Trump vencer, a demanda chinesa volta para o Brasil, pressionando os preços da soja para baixo. Mas se os democratas ganharem, nada muda. Em ambos os cenários, a redução da área plantada nos EUA parece inevitável, com impactos diretos nos preços globais da commodity.