Repasse Cambial e a Inflação Doméstica: Análise da Subsecretária de Política Econômica

Repasse Cambial e a Inflação Doméstica: Análise da Subsecretária de Política Econômica

A subsecretária de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Raquel Nadal, revelou nesta sexta-feira (13) que um estudo realizado pela pasta indica que a inflação doméstica se tornou menos sensível a choques cambiais ao longo dos últimos anos. Segundo Nadal, o repasse cambial aos preços não é mais estatisticamente significativo após um trimestre da depreciação, como era anteriormente.

O Enfraquecimento do Repasse Cambial

De acordo com Nadal, o estudo mostra que o real teve um desempenho geralmente melhor do que o de seus pares desde agosto. Ela afirmou que, prospectivamente, a combinação entre cortes de juros nos Estados Unidos e aumento da Selic no Brasil - resultando em ampliação do diferencial de taxas entre os dois países - deve favorecer o real e, consequentemente, a inflação.

"O repasse cambial aos preços parece agora não ser estatisticamente significativo após um trimestre da depreciação, como era anteriormente," declarou Nadal em entrevista coletiva. "Nos últimos tempos, esse repasse se tornou significativo apenas após cerca de dois trimestres da depreciação cambial."

Esse enfraquecimento do repasse cambial à inflação é um fenômeno importante, pois significa que a economia brasileira se tornou menos vulnerável a choques externos, como variações bruscas na taxa de câmbio. Isso pode contribuir para uma maior estabilidade dos preços e, consequentemente, para a melhoria das condições econômicas do país.

Projeções de Crescimento e Cenário Externo

Ainda na entrevista, Nadal comentou sobre o aumento da projeção da Secretaria de Políticas Econômicos (SPE) para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024, de 2,5% para 3,2%. Ela lembrou que o resultado do segundo trimestre já deixou um carrego estatístico positivo de 2,5% para este ano.

Já o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou que o balanço de riscos do cenário externo se tornou menos adverso do que antes, devido principalmente à redução das incertezas em torno da redução dos juros americanos e de outras economias avançadas.

"Ao mesmo tempo que essa certeza cresceu, também ganharam importância algumas dúvidas quanto ao nível de atividade, tanto nos Estados Unidos, mas em particular na China," declarou Mello.

Apesar dessas incertezas, o secretário afirmou haver sinais de desaceleração da demanda chinesa, mas que a expectativa ainda é de que a economia do país asiático cresça perto da meta, de 5%. Quanto aos Estados Unidos, Mello destacou que o mercado de trabalho tem desacelerado, confirmando um cenário de resfriamento da economia americana.

Impactos Potenciais na Inflação

O secretário disse, ainda, que conflitos geopolíticos e eventos climáticos extremos podem ter impactos na inflação global e, consequentemente, na do Brasil. Esses conflitos têm afetado o custo de fretes e podem ter impacto nos preços de energia, especialmente via petróleo, ele explicou.

"Esses conflitos têm afetado o custo de fretes e podem ter impacto nos preços de energia, especialmente via petróleo," afirmou Mello. "Portanto, é importante estarmos atentos a esses fatores que podem influenciar a inflação, tanto no Brasil quanto no cenário global."

Em resumo, a análise da subsecretária Raquel Nadal e do secretário Guilherme Mello aponta para uma melhora no cenário econômico, com o enfraquecimento do repasse cambial à inflação e uma perspectiva de crescimento mais robusta para 2024. No entanto, eles ressaltam a necessidade de monitorar os riscos externos, especialmente os relacionados a conflitos geopolíticos e eventos climáticos, que podem impactar a inflação de forma significativa.

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