O apagão que atingiu a Venezuela na madrugada desta sexta-feira, 30 de agosto, deixando grande parte do país na escuridão, incluindo a capital Caracas, é mais um capítulo da crise política e econômica que assola a nação sul-americana. O governo do presidente Nicolás Maduro atribuiu o incidente a uma "sabotagem elétrica" e a uma "tentativa de golpe de Estado", enquanto a oposição acusa a administração de incompetência e corrupção.
A Versão do Governo
De acordo com o ministro das Comunicações, Freddy Ñáñez, a interrupção no fornecimento de energia elétrica ocorreu às 4h40 (horário local) e afetou quase todo o território nacional. Ñáñez afirmou que se tratou de uma "nova sabotagem elétrica", lembrando os apagões de 2019, que, segundo ele, "custaram muito" para serem recuperados.
O ministro ressaltou que o governo está "enfrentando isso com os protocolos anti-golpe", referindo-se às eleições presidenciais de 28 de julho, nas quais Maduro foi reeleito para um terceiro mandato, apesar das denúncias de fraude por parte da oposição.
A Versão da Oposição
Por outro lado, líderes e especialistas da oposição venezuelana rejeitam a tese da sabotagem, atribuindo os apagões recorrentes à falta de investimento, incompetência e corrupção do governo Maduro.
O candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, que a oposição alega ter sido o verdadeiro vencedor das eleições, foi convocado pelo Ministério Público, que abriu uma investigação criminal contra ele. A acusação é de "usurpação de funções" e "falsificação de documento público" do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), por supostamente ter publicado cópias de mais de 80% das atas de votação que mostrariam sua vitória.
A oposição Plataforma Unitária Democrática (PUD) denunciou a "perseguição política" e negou que a publicação das atas no site estivesse a cargo de González Urrutia, afirmando que "não representa crime".
Impactos e Consequências
Os apagões têm sido frequentes na Venezuela há uma década, com o pior deles ocorrendo em março de 2019 e durando vários dias. Regiões como Táchira e Zulia, outrora capitais do petróleo, sofrem cortes diários de energia.
Essa instabilidade no fornecimento de eletricidade tem impactos devastadores na vida dos venezuelanos, afetando desde o funcionamento de hospitais e serviços essenciais até a rotina doméstica. Além disso, a crise energética agrava a já precária situação econômica do país, com a queda na produção industrial e a dificuldade de manter atividades comerciais e de serviços.
Conclusão
O apagão que atingiu a Venezuela nesta sexta-feira é mais um episódio da crise multifacetada que assola o país. Enquanto o governo Maduro insiste na tese da sabotagem e de uma tentativa de golpe de Estado, a oposição aponta para a incompetência e a corrupção como as principais causas dos recorrentes problemas no sistema elétrico nacional.
Independentemente das acusações e controvérsias, o fato é que os venezuelanos continuam a sofrer as consequências dessa instabilidade, com impactos diretos em sua qualidade de vida e no desenvolvimento econômico do país. Resolver essa crise energética é fundamental para a retomada do crescimento e da estabilidade na Venezuela.
Referências
- Agência France-Presse. "Venezuela registra apagão nacional e governo acusa sabotagem". G1, 30 ago. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/08/30/venezuela-registra-apagao-nacional-e-governo-acusa-sabotagem.ghtml. Acesso em: 30 ago. 2024.
- Ministério das Comunicações da Venezuela. "Declaração sobre o apagão nacional". Caracas, 30 ago. 2024.
- Plataforma Unitária Democrática. "Nota de Imprensa sobre a Convocação de Edmundo González Urrutia". Caracas, 30 ago. 2024.