As opções de Putin para retaliar se a Ucrânia usar mísseis de longo alcance

As opções de Putin para retaliar se a Ucrânia usar mísseis de longo alcance

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, alertou que o uso de mísseis de longo alcance pela OTAN alteraria a natureza do conflito que perdura há mais de dois anos na Ucrânia. Segundo Putin, "Tomaremos decisões condizentes com as ameaças que nos serão criadas" caso a Ucrânia passe a utilizar esse tipo de armamento.

As opções de retaliação de Putin podem incluir desde um teste nuclear até o fornecimento de armas russas para que os inimigos do Ocidente ataquem alvos em países aliados. Analistas consultados pela Reuters afirmam que Putin pode sentir que está sendo visto como fraco em suas respostas ao crescente apoio da OTAN à Ucrânia e, por isso, pode recorrer a medidas mais drásticas.

A ameaça de Putin

Em seu aviso mais claro até o momento, Putin disse na quinta-feira (12) que o Ocidente estaria lutando diretamente contra a Rússia se avançasse com a medida de permitir que a Ucrânia use mísseis de longo alcance, o que, segundo ele, alteraria a natureza do conflito. Ele prometeu uma resposta "apropriada", mas não especificou o que isso implicaria.

Em junho deste ano, no entanto, Putin já havia mencionado a opção de armar os inimigos do Ocidente com armas russas para atacar alvos ocidentais no exterior, e de implantar mísseis convencionais a uma distância de ataque dos Estados Unidos e seus aliados europeus.

Possíveis respostas de Putin

Segundo Ulrich Kuehn, um especialista em armas do Instituto de Pesquisa para a Paz e Política de Segurança em Hamburgo, não se deve descartar a possibilidade de Putin optar por enviar algum tipo de mensagem nuclear como forma de retaliar.

"Isso seria uma escalada dramática do conflito. Porque o ponto é, quais tipos de medidas o Sr. Putin teria então para tomar se o Ocidente continuar, além do uso nuclear efetivo?", questionou Kuehn em entrevista.

Gerhard Mangott, especialista em segurança da Universidade de Innsbruck na Áustria, também considerava possível, embora em sua opinião não provável, que a resposta da Rússia pudesse incluir algum tipo de sinal nuclear.

"Os russos poderiam realizar um teste nuclear. Eles já fizeram todos os preparativos necessários. Poderiam detonar uma arma nuclear tática em algum lugar no leste do país apenas para demonstrar que eles realmente pretendem usar armas nucleares se for necessário", afirmou Mangott.

Rompimento de acordos internacionais

A Rússia não realiza um teste de armas nucleares desde 1990, ano anterior à queda da União Soviética, e uma explosão nuclear sinalizaria o início de uma era mais perigosa, disse Kuehn.

"O teste nuclear seria algo novo. Eu não descartaria isso, e seria consistente com a Rússia rompendo uma série de acordos internacionais de segurança aos quais se comprometeu ao longo das últimas décadas", alertou o especialista.

Crise dos mísseis

À medida que as tensões Leste-Oeste em relação à Ucrânia entram em uma nova e perigosa fase, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o presidente dos EUA Joe Biden se reuniram em Washington nesta sexta-feira (13) para discutir se permitirão que Kiev use mísseis ATACMS dos EUA ou Storm Shadow britânicos contra alvos na Rússia.

A decisão sobre o fornecimento desses mísseis de longo alcance à Ucrânia pode ser um divisor de águas no conflito, pois Putin deixou claro que isso alteraria a natureza da guerra e desencadearia uma resposta "apropriada" da Rússia.

Analistas temem que essa nova fase da guerra possa levar a uma escalada perigosa, com a possibilidade de Putin recorrer a testes nucleares ou outras medidas extremas para tentar conter o avanço da Ucrânia e do Ocidente.

Conclusão

O alerta de Putin sobre as consequências do uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia evidencia a gravidade da situação e a preocupação da Rússia com essa possibilidade. As opções de retaliação de Putin, que podem incluir desde testes nucleares até o fornecimento de armas a inimigos do Ocidente, demonstram que o conflito pode entrar em uma fase ainda mais perigosa.

Cabe aos líderes ocidentais avaliar cuidadosamente os riscos e tomar decisões que evitem uma escalada ainda maior das tensões. A estabilidade e a segurança global dependem de uma abordagem prudente e responsável neste momento crítico.

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