Penalidade recorde da China à PricewaterhouseCoopers por falha na auditoria da Evergrande

Penalidade recorde da China à PricewaterhouseCoopers por falha na auditoria da Evergrande

A China suspendeu as operações da PricewaterhouseCoopers por seis meses e impôs uma penalidade recorde pela falha na auditoria do China Evergrande Group, a gigante incorporadora chinesa que faliu. A empresa de contabilidade foi multada em 441 milhões de yuans (R$ 344,96 milhões) por seu trabalho de auditoria nos relatórios financeiros inflados da Evergrande de 2018 a 2020, mostraram declarações do Ministério das Finanças e da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários (CSRC) da China nesta sexta-feira (13). O regulador também ordenou o fechamento da filial da PwC em Guangzhou.

O Escândalo da Evergrande

A PwC está sob os holofotes depois que a China iniciou uma das maiores investigações de fraude financeira da história. As autoridades disseram que a principal unidade local da incorporadora Evergrande, Hengda, superestimou sua receita em 564 bilhões de yuans (R$ 441,17 bilhões) nos dois anos até 2020.

O CSRC descobriu que 88% dos registros de observação da PwC sobre os projetos imobiliários da Evergrande em 2019 e 2020 eram falsos, levando a documentos de trabalho de auditoria "severamente não confiáveis". Alguns projetos residenciais que a PwC considerou concluídos na época ainda eram "terrenos baldios" quando os inspetores visitaram mais tarde, acrescentou o regulador. A empresa de contabilidade também evitou deliberadamente verificar os projetos habitacionais que Evergrande marcou como "não visitar".

Impacto na PwC

"Uma penalidade tão severa terá um grande impacto na confiança dos clientes domésticos remanescentes da PwC", disse Pingyang Gao, professor de contabilidade e direito da HKU Business School. "É muito provável que haja um êxodo em massa. Portanto, provavelmente significará a ruína dos negócios da PwC na China."

De fato, desde março, mais de 30 empresas de capital aberto com sede na China continental abandonaram a PwC como auditora, incluindo gigantes estatais como Bank of China, China Life Insurance, China Telecom e PetroChina. As empresas chinesas que recentemente deixaram a PwC pagaram mais de 800 milhões de yuans em taxas totais a seus auditores no ano passado.

A ameaça de penalidades regulatórias e a perda de clientes corporativos chineses também levaram alguns funcionários a buscar oportunidades em outros lugares. A PwC estava cortando pelo menos 100 funcionários em suas operações na China em julho, com mais da metade de uma equipe sendo demitida.

Lições Aprendidas

O escândalo da Evergrande e a penalidade imposta à PwC trazem à tona importantes lições sobre governança corporativa, auditoria e responsabilidade financeira na China.

Governança Corporativa Frágil

O caso da Evergrande expõe as fragilidades da governança corporativa em algumas empresas chinesas, onde a prestação de contas e a transparência financeira deixam a desejar. Isso permitiu que a incorporadora superestimasse suas receitas e ocultasse sua verdadeira situação financeira por anos.

Falhas na Auditoria

A penalidade à PwC também revela falhas graves em seu trabalho de auditoria, com documentos de trabalho "severamente não confiáveis" e uma evidente falta de diligência na verificação dos projetos da Evergrande. Isso levanta questões sobre a qualidade e a integridade das auditorias realizadas pelas grandes empresas de contabilidade na China.

Necessidade de Maior Supervisão

O caso mostra a necessidade de uma supervisão regulatória mais rigorosa do setor de auditoria na China. As autoridades precisam garantir que as empresas de contabilidade cumpram seus deveres fiduciários e realizem auditorias com a devida diligência, especialmente em setores-chave como o imobiliário.

Conclusão

A penalidade recorde imposta à PwC pela falha na auditoria da Evergrande é um marco importante no combate à fraude financeira na China. Ela envia um forte sinal de que as autoridades não toleram mais a falta de integridade e responsabilidade no setor de auditoria. Essa lição deve servir de alerta para que outras empresas de contabilidade redobrem seus esforços em prol da transparência e da boa governança corporativa.

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