O estudo divulgado nesta terça-feira (15) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela um panorama interessante sobre as condições de infraestrutura da Região Sudeste do Brasil. De acordo com o levantamento, 64% dos empresários do setor consideram as condições de infraestrutura da região como ótimas (9%) ou boas (55%), enquanto 31% as classificam como regulares. Apenas 3% as consideram ruins e 2% as avaliam como péssimas.
Transporte, Energia e Saneamento Básico
O estudo, intitulado "Panorama da Infraestrutura – Região Sudeste", reúne informações sobre as áreas de transporte, energia, saneamento básico e telecomunicações, além de propostas para melhorias da infraestrutura nos quatro estados da região. Esse trabalho é o terceiro de uma série de cinco produzidos pela CNI com o objetivo de estabelecer um retrato das condições de infraestrutura nas diferentes regiões do país, identificando necessidades de investimento e pleitos do setor industrial.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, destaca que o relatório busca contribuir para a melhoria da infraestrutura na região, fator fundamental para o fortalecimento da indústria e da economia. Ele ressalta que o setor produtivo brasileiro sente o elevado déficit de infraestrutura e os efeitos da deterioração das condições nessa importante área da economia, com impactos diretos na competitividade da indústria nacional e na atração de investimentos.
Desafios da Infraestrutura no Sudeste
Segundo a CNI, o Sudeste é responsável por 52% do PIB industrial brasileiro, o que reflete em grandes desafios para a modernização dos acessos portuários, a exploração de petróleo no pré-sal e o aproveitamento de fontes renováveis como as hidrelétricas. De acordo com o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, os maiores problemas de infraestrutura no Sudeste estão associados ao transporte rodoviário e às condições de acesso marítimo aos principais portos, com a precariedade das rodovias públicas e o comprometimento da capacidade no Porto de Santos preocupando o setor industrial.
Muniz alerta que a construção de uma agenda de investimentos na infraestrutura é um trabalho complexo, considerando as particularidades de cada região do país. Ele destaca a necessidade de adotar diferentes estratégias para atender às necessidades locais, promovendo a eficiência e sustentabilidade dos projetos.
Obras Paralisadas e o Novo PAC
Os dados indicam que, para o Sudeste superar as restrições logísticas, é fundamental que sejam priorizadas obras de manutenção, adequação e expansão de corredores logísticos estratégicos, como a Ferrovia Centro Atlântica (FCA), a BR-381, a BR-116, a BR-101, a BR-262 e a Terceira Via de Ligação entre a Baixada Santista e a Capital Paulista.
Segundo o levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU), dos 4.325 contratos analisados nos estados que compõem a Região Sudeste, foram identificadas 2.338 obras paralisadas (54%). Dos vários setores da infraestrutura, o saneamento básico e os transportes estão entre aqueles com mais elevado número de registros de paralisações na região.
Investimentos do Novo PAC
O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado em agosto de 2023, prevê investimentos de R$ 1,7 trilhão em todos os estados do Brasil, sendo R$ 759,7 bilhões em obras, serviços e empreendimentos na Região Sudeste. Essa iniciativa pode ser um importante passo para a retomada dos investimentos e a superação dos desafios de infraestrutura enfrentados pela região.
A melhoria da infraestrutura no Sudeste é fundamental para o fortalecimento da indústria e da economia brasileira. O estudo da CNI revela avanços, mas também aponta desafios significativos, especialmente no que diz respeito ao transporte rodoviário e às condições de acesso aos principais portos. A priorização de investimentos estratégicos e a retomada de obras paralisadas serão cruciais para impulsionar o desenvolvimento da região e aumentar a competitividade do setor produtivo.